Para "sair" de Chicago, Grão Direto lança novo índice de preços para a soja em Santos

Qual o preço da soja hoje? Responder essa pergunta com precisão não é simples. Os preços internacionais podem ser diferentes dos nacionais e muitas vezes embutem realidades específicas de cada mercado.

Mas se você fizer essa mesma pergunta para Fred Marques, diretor de tecnologia da Grão Direto, vai ter uma resposta certa: R$ 145,19 por saca em 20 de outubro -- 0,38% mais que no dia anterior.

A fonte de Marques é o Índice Soja Fob Santos, novo parâmetro de preços de mercado do produto GrainInsights que a plataforma de comercialização digital de grãos está lançando. Ele mede o preço da soja “livre a bordo” (FOB) no porto de Santos.

“O índice reflete o verdadeiro preço pelo qual o produto está sendo vendido porque leva em consideração as negociações feitas por meio da Grão Direto”, conta ele.

Simplificando, Marques diz que a empresa funciona como um marketplace. que conecta compradores e vendedores no setor de grãos.

“Pela plataforma, passam 47 milhões de preços todos os dias", diz Alexandre Borges, presidente e cofundador da Grão Direto.

Os dois executivos apresentaram a novidade nesta terça-feira, 21 de outubro, no TheNewAgro, evento que a empresa promoveu em São Paulo.

Com 100 mil clientes, os algorítmos da plataforma são capazes de coletar preços de contratos fechados. Todo dia o índice será divulgado antes das 18h. Mas é possível ter parciais em tempo real.

“As empresas mais tradicionais do setor coletam preços de uma maneira mais rudimentar: um funcionário liga para o produtor, depois para o transportador e para outros integrantes da cadeia. E pergunta o preço. Qualquer um aí nesse meio pode mentir, para tentar influenciar o mercado”, diz Marques.

Isso não tem como acontecer com o novo índice, garante ele. Além da coleta ser robotizada e levar apenas em conta contratos fechados, ela é auditada pela International Organization of Securities Commissions (Iosco), associação que reúne os reguladores de valores mobiliários de todo o mundo.

“Só índices auditados pela Iosco podem ser usados pela B3, a Bolsa de Valores de São Paulo”, explica Clayton Melo, responsável pela área de inteligência de mercado da Grão Direto.

O Índice Soja Fob Santos será comercializado para os assinantes GrainInsights da plataforma. O valor da assinatura é negociado com cada empresa e por isso a Grão Direto não divulga valores.

A princípio, ele vai concorrer com os de outras companhias, como a Fastmarkets e a Platts, da S&P.

“Mas nossa plataforma é a que tem a maior amostragem, já que temos 100 mil clientes”, diz Marques. Dentre eles estão, por exemplo, a Cargill e a Amaggi.

Para que um novo índice?

Desde 2013, lembra Marques, o Brasil produz e exporta mais soja que os Estados Unidos. No entanto, os índices da Bolsa de Chicago continuam sendo os mais aceitos no mercado.

“Um índice brasileiro, que leva em conta parâmetros como frete, estratégias locais e o que mais acontecer aqui, no Brasil, é o mais adequado para nosso mercado”, diz Marques.

O índice será apresentado em reais por saca e também em centavos de dólar por “bushel” -- que é o padrão das transações internacionais.

No dia 20, o exemplo em que Marques cita no início deste texto, o valor do bushel pelo índice Grão Direto, era de 1.224.9171 centavos de dólar.

Naquele dia, como a moeda americana havia caído 0,63%, para R$ 5,3708, a cotação do dia foi 0,76% menor que a da data anterior, 19 de outubro.

“Estamos emitindo o índice desde 11 de setembro, já assegurados pela Iosco”. Além disso, a Grão Direto é auditada pela KPMG regularmente.

Em breve, além de ter um banco de dados de preços de soja, a Grão Direto pretende lançar índices de milho. E também índices regionais.

“Teremos, por exemplo, o preço Sorriso (MT) ou o Rio Verde (GO), ou o Rio Grande (RS)”, explica o executivo.

Com o cruzamento das informações do índice e a inteligência artificial da companhia, batizada de AIrton e lançada este ano, a Grão Direto vai publicar para seus assinantes ferramentas de termômetro de mercado, com, por exemplo, a tendência de alta ou de baixa dos preços no momento.

“A assertividade da Airton é de 90,4%, então vai ser um instrumento muito valioso para quem precisa vender sua produção”, explica Marques.