Depois de ter anunciado sua fusão com a Viterra, criando uma megatrading com negócios somados de US$ 110 bilhões anuais, a Bunge reduziu sua previsão de lucros para este ano.
A companhia agora espera um lucro ajustado por ação entre US$ 7,30 e US$ 7,60 para 2025, em comparação com a previsão anterior de US$ 7,75 por ação, que não considerava os efeitos da fusão com a Viterra.
A Bunge também divulgou a projeção de lucro ajustado para o segundo semestre deste ano, que passou de US$ 4 para US$ 4,25.
Os investidores, porém, reagiram bem à notícias e as ações da empresa chegaram a subir 11,6% no início do pregão da Bolsa de Nova York, onde a Bunge é listada. De acordo com informações da agência Reuters, os números vieram menos piores do que o esperado pelo mercado.
"A diluição está vindo muito melhor do que o esperado. Isso elimina a pressão sobre a ação e esperamos um forte rali de alívio nesse papel", disse o analista do UBS, Manav Gupta, segundo a Reuters.
A companhia também anunciou que vai mudar a forma de reportar seus resultados a partir dos números do terceiro trimestre de 2025, que devem ser apresentados no próximo dia 5 de novembro.
Agora, os números estão dispostos da seguinte forma: processamento e refino de soja, processamento e refino de sementes, processamento e refino de outras sementes oleaginosas, e comercialização e moagem de grãos. Resultados corporativos continuarão sendo apresentados.
Antes, a Bunge mostrava os resultados de forma mais desagregada, trazendo números de agronegócio, óleos refinados e especiais, processamento, moagem e comercialização.
O novo formato, explica a Bunge, reflete a forma como o CEO da companhia analisa as informações financeiras para alocar recursos e avaliar o desempenho.
"Acreditamos fornecer aos investidores uma compreensão clara dos principais impulsionadores dos resultados e cadeias de valor da nossa empresa combinada", disse Greg Heckman, CEO da Bunge, no comunicado que apresenta as novidades.
A companhia anunciou ainda que não deve apresentar perspectiva específica para 2026 até o primeiro semestre do ano que vem, já que está lidando com incertezas na política de biocombustíveis e questões comerciais, disseram executivos da empresa a investidores em uma teleconferência.
A movimentação vem três meses depois de a Bunge ter finalmente conseguido fechar, em julho passado, a compra da Viterra, criando a megatrading com mais de 180 milhões de toneladas de grãos comercializadas.
A transação se iniciou em 2023, quando a Bunge ofertou US$ 18 bilhões à suíça Glencore pelos ativos da Viterra, trading com sede no Canadá e atuação global, inclusive no Brasil.
O pagamento incluía um pacote de 65,6 milhões de ações da Bunge, com valor estimado na ocasião em US$ 6,2 bilhões, e os demais US$ 2 bilhões em dinheiro. Além disso, Bunge também concordou em assumir outros US$ 9,8 bilhões em dívidas da companhia suíça
Pela sua extensão global, o negócio teve de ser apreciado em cerca de 40 países, sendo que uma negativa em alguns deles teria o poder de inviabilizar o negócio. Na data do anúncio da transação, a Bunge informou que esperava ter as aprovações nesses mercados em um ano, concluindo a aquisição em meados de 2024.
Entre os principais mercados, Estados Unidos e Brasil estiveram entre os primeiros a dar autorização para o negócio, dentro do prazo estimado pela Bunge.
Já Canadá, União Europeia e China demoraram mais a dar aval ao negócio, emperrando a transação até ser finalmente concluída, em julho passado. No Brasil, a expectativa é que a compra represente a entrada da Bunge no mercado de algodão, destaque do portfólio da Viterra.
Resumo
- A Bunge reduz previsão de lucros para 2025 após fusão com a Viterra, passando de US$ 7,75 por ação para uma faixa entre US$ 7,30 e US$ 7,60
- As ações da companhia subiram quase 12% após anúncio, com analistas destacando que a diluição veio melhor do que o esperado e projetando um rali de alívio
- Companhia muda formato de divulgação de resultados e adia guidance de 2026, enquanto consolida operações após criação da megatrading de US$ 110 bilhões