No auge da produção na fábrica localizada em Poços de Caldas (MG), em 2015, a Danone chegou a colocar no mercado 40 mil toneladas por mês de produtos como iogurte - volume que, atualmente, alcança a média de 18 mil toneladas para um capacidade total de 30 mil toneladas.

Com cerca de 40% de ociosidade, a companhia francesa deverá adequar a unidade para receber novas linhas de produção, especialmente de lácteos proteicos, como YoProo, e destinados a outros lançamentos já previstos no portfólio, antecipou ao AgFeed Mário Rezende, vice-presidente de Operações e Sustentabilidade da Danone Brasil.

“No próximo ano (2026) vamos ampliar em 50% a capacidade de produção de proteicos, um mercado que cresce em movimento global de saudabilidade e onde no Brasil somos líderes”, afirmou.

“Aqui temos uma característica bem específica de bebidas lácteas proteicas, enquanto na Europa o consumo é mais no mercado de colher (produtos mais densos e consumidos em potes)”, detalhou o executivo.

O leite utilizado pelo grupo francês no Brasil tem origem em uma rede de 233 fornecedores, todos em Minas Gerais, e a proteína utilizada pela companhia em seus produtos vem majoritariamente do próprio leite.

Em algumas linhas, o enriquecimento vem de um sistema interno que concentra o leite, permitindo alcançar níveis mais altos de proteína de forma natural. No caso de YoPRO, a proteína é obtida do soro do leite e o produto é importado da Argentina, onde esse processo é realizado com alto padrão de qualidade. E, para padronizar a quantidade de proteína em determinados produtos é utilizado leite em pó.

“Na linha de lácteos não proteicos não temos previsão de incremento de vendas. Já estamos em um cenário de pleno emprego e ainda há fatores externos que competem pela renda do consumidor e não há projeção de crescimento econômico significativo da economia para 2026”, avaliou Rezende.

Ao mesmo tempo que aumenta a demanda por proteína, a Danone vem reduzindo a compra de açúcar destinado a adoçar produtos voltados ao mercado infantil, por exemplo. Apenas entre 2024 e 2025 o produto que chega às geladeiras é 1,5% menos adocicado.

Com isso, a unidade brasileira antecipou a meta de chegar a 2030 com produtos até 10% menos açucarados. A companhia reduziu, nos últimos 25 anos, em mais de 40% o uso de açúcar de sua fórmula, sem usar adoçantes.

A redução gradual está sendo feita para que o consumidor se adapte, igualmente pouco a pouco, à nova fórmula. Cada etapa passa por testes de sabor com consumidores - pais e crianças.

A estratégia, claro, é não correr o risco de ser mais saudável e menos comprado. Se mudar demais o sabor, os filhos podem rejeitar o produto e os pais pararem de comprar, explicou Gustavo Alvarez, diretor de R & I da Danone Brasil.

“Essas viradas na quantidade de açúcar são complexas, porque dependem muito da aprovação do consumidor e o brasileiro gosta muito de doce. Fizemos mudanças contínuas e aos poucos”, disse Alvarez.

“Agora que alcançamos a meta no portfólio kids, até 2030 faremos o mesmo com produtos voltados mais ao mercado adulto, também com o máximo de 10g de açúcar para 100g de produto, ou seja, 10%. Como 5% já vem do leite e das frutas, resta apenas a possibilidade de inserirmos 5g de açúcar”, acrescentou.

Resumo

  • Fábrica de produtos lácteos e à base de plantas da Danone, em Poços de Caldas, tem capacidade para produção de 30 mil toneladas/mês, mas com ociosidade de 40%
  • Com adaptações previstas para 2026, capacidade para fabricação de lácteos proteicos na unidade devem ser ampliada em 50%
  • Estratégia visa a buscar maior foco em mercados com potencial de crescimento, já que não há previsão de incremento nos produtos não proteicos