A Agribrasil e o Terminal Portuário de Santa Catarina (TESC) encerraram o segundo trimestre e o primeiro semestre de 2025 com resultados recordes. Quem agradece é a Solaris Commodities Holding, trading do fundo soberano de Omã, que anunciou a compra do controle majoritário das duas companhias em 29 de julho.
O acordo ainda depende do aval da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) e do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
O lucro líquido ajustado consolidado das duas companhias no segundo trimestre de 2025 (2T25) somou R$ 16 milhões, alta de 715% frente aos R$ 2 milhões registrados no mesmo período de 2024, de acordo com balanço apresentado. No acumulado do ano, o ganho chegou a R$ 18,9 milhões, revertendo o prejuízo de R$ 1,1 milhão visto no primeiro semestre do ano passado.
A Agribrasil registrou lucro líquido de R$ 16 milhões no 2T25, ante R$ 1,9 milhão no 2T24. No semestre, o resultado foi de R$ 18,9 milhões. Segundo a companhia, o desempenho reflete aumento expressivo nos negócios mesmo em um período sazonalmente mais fraco para exportações de grãos.
O volume de grãos operado no 2T25, de 660,711 mil toneladas, aponta um recuo de 7,2% sobre o total de 711,71 mil toneladas no mesmo período de 2024. A queda ocorreu pela redução nas operações com terceiros, principalmente de soja, com produtores segurando a exportação. Nas operações próprias, houve crescimento de 46,4%.
No semestre, a companhia movimentou 1,677 milhão de toneladas, alta de 29,6% sobre o primeiro semestre do ano passado, de 1,293 milhão de toneladas.
A receita líquida da Agribrasil avançou 74,5% entre os períodos, de R$ 412,0 milhões para R$ 718,8 milhões. No semestre, a receita líquida saltou de R$ 753,3 milhões em 2024, para R$ 2,090 bilhões em 2025, alta de 177,5%.
Em conferência após o balanço, Frederico Humberg, fundador e CEO da Agribrasil, destacou que a receita semestral equivale a todo o faturamento do ano passado e faz parte da estratégia da companhia de priorizar os embarques próprios e o escoamento de milho sobre soja.
Humberg citou o também o início da operação de distribuição de fertilizantes pela Agribrasil, com a negociação dos insumos com os clientes de grãos e trading da companhia. “Fornecedores da Agribrasil utilizam mais de 10 milhões de toneladas de fertilizantes e entendemos que o fluxo reverso de logística possa ser interessante”.
TESC
Com 51% de participação da Agribrasil até a negociação com a Solaris, o TESC, localizado em São Francisco do Sul (SC), registrou lucro líquido de R$ 11,5 milhões no 2T25, ante R$ 400 mil no 2T24). No semestre, TESC acumulou lucro líquido de R$ 17,9 milhões.
Com dois anos de operação, o TESC ultrapassou 5 milhões de toneladas movimentadas. No 2T25, foram 580,7 mil toneladas e no semestre, 1,36 milhão de toneladas, altas de 6,8% e 41,2%, respectivamente sobre iguais períodos de 2024.
Na conferência, Humberg citou que a integração entre as operações da Agribrasil e do TESC foi fundamental para o crescimento no volume exportado pelo terminal. Dados apresentados pelo executivo mostram recuos de 19% nos volumes transportados no primeiro semestre nos portos concorrentes de Paranaguá (PR) e São Francisco do Sul (SC).
Solaris
Assim como no anúncio do acordo, Humberg deu poucos detalhes sobre a negociação de venda da Agribrasil e do controle do TESC à Solaris Commodities Holding, empresa do fundo soberano de Omã e sediada em Dubai.
Segundo ele, a Solaris, após as negociações com a Agribrasil e outros acionistas minoritários, terá o controle de 85% do TESC. Humberg confirmou que ficará como minoritário na companhia e seguirá na direção das operações no Brasil pelo menos nos três anos seguintes à finalização do acordo, segundo havia antecipado o AgFeed.
“A gente acolhe de braços abertos a entrada da Solaris e entende que a companhia abre novos mercados e novos clientes e uma capacidade grande de marketing”, afirmou Humberg sobre a trading, umas principais do mundo no comércio de trigo.
Ainda de acordo com Humberg, o negócio com a Solaris prevê o pagamento da dívida estimada em R$ 90 milhões com o Banco do Brasil, o que deve reduzir ainda mais a alavancagem da companhia, atualmente em 0,7 vezes a dívida líquida versus o Ebitda,
“Temos dentro das condições da negociação com a Solaris uma previsão de capitalização na Agribrasil e o pagamento integral dessa dívida de longo prazo. Então, a gente ficaria com um balanço ainda mais saudável para o potencial crescimento”, disse.
“A Solaris tem grande interesse em destravar investimentos para ampliação do TESC para chegar volume bem maior que o atual de movimentação”, concluiu
Resumo
- Anunciada no fim de julho, venda da Agrobrasil e do TESC à Solaris ainda depende do aval da Antaq e do Cade para ser concretizada
- No semestre, a receita líquida da Agrobrasil saltou de R$ 753,3 milhões em 2024, para R$ 2,090 bilhões em 2025, alta de 177,5%
- Movimentação de cargas no TESC teve alta de 41% no semestre, impulsionada pela integração com os negócios da Agribrasil