São apenas 800 hectares irrigados em uma vastidão de mais de 270 mil hectares. Essa é a nova aposta de Ricardo Faria. Rei dos ovos e chairman da Global Eggs, o empresário também comanda a Insolo, quinta maior produtora de soja do Brasil.

A empresa menos falada de Faria iniciou o cultivo experimental de algodão no Sul do Piauí sob dois pivôs de irrigação com capacidade de 400 hectares cada. Por enquanto, é uma cultura para a safrinha, segundo afirmou Faria ao AgFeed.

“Toda vez a gente tem que iniciar com alguma coisa, inicia devagar para poder focar, fazer as nossas avaliações e, depois, poder multiplicar” disse o empresário em conversa após painel no Global Agribusiness Fórum, nesta quinta-feira, 5 de junho.

“A gente não é uma empresa relevante no algodão, mas a gente é muito bom em multiplicar, pois começou com zero hectare e chegamos a 275 mil hectares em cinco anos”, completou.

Faria sabe que, assim como os negócios dele, o algodão é uma cultura que demanda capital intensivo, mas tem muito retorno. “A margem do algodão, sem dúvida, é maior do que as outras margens de outras culturas”.

Do outro lado do balcão, Faria não descuida das granjas. Após investir mais de US$ 1 bilhão na Hillandale Farms, a última das mais de duas dezenas de aquisições, e de suspender o processo de abertura de capital (IPO), o chairman da Global Eggs garante que não vai parar de crescer.

“Enquanto a nossa capacidade de execução for melhor que a do mercado, a gente vai continuar comprando. Não tem por que não parar. Mas tem que comprar lá fora”, afirmou o empresário.

“Lá fora”, aliás, a Global Eggs já está. Nascida a partir de uma granja de ovos caipira em Santa Catarina, a companhia cresceu via aquisições, se tornou a segunda maior produtora mundial de com 14 bilhões de ovos anualmente, na América do Sul, Estados Unidos e Europa e fixou sua sede em Luxemburgo.

Naquele país, além de impostos menores, a companhia consegue, nas palavras de Faria, “ficar mais confiável em relação ao mundo”. Para o empresário, submetida à jurisdição luxemburguesa, a companhia fica mais confiável e eficiente e com uma taxa de risco menor para investidores e credores.

O chairman da Global Eggs retomou as críticas ao que ele chama de remar contra a correnteza no Brasil, uma alusão à tributação, à alta taxa de juros local em comparação com as da Europa e dos Estados Unidos.

“No Brasil, o imposto de renda é de 34,5% e os juros são superiores a 15%; na Europa é 24%, com juros de 2% ao ano, e, nos Estados Unidos, 21%, 4% a 5% ao ano”, disse.

Faria também é crítico à repercussão causada no Brasil após os primeiros focos de gripe aviária em plantéis comerciais. “É muita mosca pra pouca m…, entendeu? Eu não vejo a relevância que existe pelo barulho que vem sendo feito”, disse.

Segundo o empresário, nos Estados Unidos, onde a doença já se espalhou, 6 milhões de aves poedeiras morreram na semana passada e não saiu uma linha nos jornais. “Aqui morreram 16 mil galinhas no Rio Grande do Sul e até hoje não se pára de falar nisso”.

Apesar das críticas, Faria elogiou o controle sanitário no Brasil, considerado por ele como o melhor do mundo. “O Brasil se mostrou muito eficiente em controlar, mas a gripe aviária é endêmica, né, algo que se convive naturalmente, com as devidas cautelas, precauções e especial protocolos”.

Resumo

  • Dono também da Insolo, que tem mais de 270 mil hectares cultivadoss, Ricardo Faria inicia plantio de algodão em uma de suas fazendas
  • Ele diz que primeira safra com a cultura é para fazer avaliações e, depois, "poder multiplicar"
  • No mervcado de ovos, promete manter expansão internacional com política de aquisições e diz que repercussão da gripe aviária no Brasil "é muita mosca pra pouca m..."