Animados pelo bom desempenho da safra 2024/2025, os produtores rurais foram às compras no começo deste ano. É o que se pode concluir a partir dos dados do Índice de Produção Agroindustrial (PIM-Agro), do Centro de Estudos em Agronegócio da Fundação Getulio Vargas (FGV Agro), divulgado nesta terça-feira, dia 27 de maio.
Segundo 0 levantamento, a produção agroindustrial do Brasil fechou o primeiro trimestre com uma alta de 1,6%. Em março, a alta foi maior, de 3,6%, representando o terceiro mês consecutivo de avanço.
A alta foi puxada, segundo a FGV, principalmente pelo segmento de produtos não-alimentícios, que cresceu 6,6% em março, e 4,1% no primeiro trimestre.
O bom desempenho dos produtos não-aimentícios teve impuso dos setores de insumos agropecuários e de produtos têxteis, que passaram a apresentar números melhores a partir do segundo semestre de 2024, após longo período em queda, e mantiveram a trajetória de crescimento nos primeiros meses de 2025.
Insumos agropecuários, em especial, teve uma alta acumulada de 21% nos três primeiros meses de 2025, o melhor desempenho para o período desde 2010. Em março, a alta desse setor foi de 39,6%, o melhor resultado para o mês desde 2003.
"A explicação para esse excelente resultado se deve à redução dos preços dos nitrogenados e à razoável relação de troca para diversas culturas, que mantêm a demanda aquecida por esses produtos", diz a FGV Agro, em nota, citando também maior produção de defensivos, tratores e máquinas e adubos e fertilizantes.
Além disso, a base de comparação é feita sobre o mesmo período do ano anterior, quando as vendas de insumos estavam em patamares historicamente baixos, apresentando queda de cerca de 30%.
Em contrapartida, a indústria de produtos alimentícios e bebidas registrou um recuo de 0,1% no primeiro trimestre, puxado principalmente pela queda de 3,8% da indústria de bebidas, tanto no lado das bebidas alcoólicas (-3,7%), quanto no das não-alcoólicas (-3,9%). Em março, o setor de produtos e bebidas registrou alta de 1,4%.
No lado dos produtos alimentícios em si, houve uma alta de 0,8% no primeiro trimestre de 2025, mas insuficiente para conter o desempenho fraco da indústria de bebidas. Em março, a alta foi mais forte, de 1,8%.
Nos três primeiros meses de 2025, a produção de alimentos de origem animal acumulou uma alta de 1,5%, pela maior produção de carne bovina, suína e de aves e de pescado, segundo a FGV. No mês de março, o crescimento foi maior, de 2,1%.
Já a produção de alimentos de origem vegetal teve uma queda acumulada no primeiro trimestre de 0,8%, sob efeito da menor produção de conservas e sucos, óleos e gorduras, trigo e, principalmente, açúcar, segundo a FGV. Em março, porém, cresceu 1,2%.
Um ponto de atenção para os próximos meses, na avaliação da FGV, será a capacidade de a agroindústria nacional manter o ritmo de crescimento frente às turbulências no mercado internacional e à desaceleração da economia brasileira.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) vai divulgar os dados do Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre de 2025. A expectativa dos analistas do mercado financeiro é de que o PIB agropecuário puxe os resultados como um todo no período.
Um indicativo que corrobora essa análise é o desempenho do setor primário ao longo do primeiro trimestre do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado uma prévia do PIB. No período, o setor cresceu 17,31% na comparação com os três primeiros meses de 2024. Já o IBC-Br como um todo registrou alta de 3,68%, também na comparação interanual.
Resumo
- Dados do PIM-Agro, da FGV Agro, mostram que, impulsionada pelo bom desempenho da safra 2024/2025, a produção agroindustrial brasileira cresceu 1,6% no trimestre, com destaque para março (+3,6%)
- O destaque ficou com a indústria de insumos agropecuários, que registrou alta de 21% no trimestre e 39,6% em março
- Indústria de produtos alimentícios cresceu 0,8%, puxada por carnes e pescado, mas setor de bebidas (alcoólicas e não-alcoólicas) teve queda de 3,8%