Recém-chegada ao mercado de nutrição foliar e bioinsumos, a StayAgro já colhe nesta safra os primeiros resultados de uma estratégia comercial assumidamente agressiva.

Em apenas um ano de existência, a empresa novata tem faturamento de R$ 5 milhões – mas almeja aumentar esse montante em mais de dez vezes até o fim da década, chegando a R$ 61,5 milhões na safra 2029/2030.

Por trás dessa expansão acelerada prometida para os próximos anos, está um nome já veterano num mercado ainda jovem, o de insumos biológicos: Ednei Paes Nantes, que se juntou a outros dois sócios em Sorriso (MT), para fundar a StayAgro, há um ano.

Executivo do setor de defensivos com quase 30 anos de mercado, Nantes foi um dos fundadores de dois cases de sucesso no mercado de biológicos: Fast Agro e Gênica.

A Fast Agro, fabricante de nutrição foliar e fisiologia de Rondonópolis (MT), foi criada em 2009 por Nantes e outros dois sócios, e vendida dez anos depois de sua criação à indústria paulista Nitro Química.

Já a Gênica, também produtora de insumos, mas com sede em Piracaciba, no interior de São Paulo, cresceu de forma acelerada desde sua fundação, em 2015, feita por Nantes e outras três pessoas.

A meta declarada da Gênica era de chegar a um faturamento de R$ 500 milhões neste ano e, para isso, a startup contou com o aporte de investidores relevantes como Vox Capital e Mitsubishi Corporation.

Nantes agora se busca cravar um "hat trick" - termo em inglês usado no meio do futebol quando um jogador marca três gols em uma mesma partida - e encaminhar mais um sucesso na área de biológicos, carregando o know-how das empresas anteriores, das quais vendeu sua participação entre 2019 e 2020.

“Hoje eu tenho vários produtores que são dessa época e fazem negócio com a Stay Agro, seja revenda, distribuição, seja grandes produtores ou grupos de produtores, por conhecerem o histórico da gente”, afirma Nantes.

A empresa acumula 25 produtos em seu portfólio, divididos em categorias como tecnologia de aplicação, biológicos, fisiologia e nutrição vegetal.

A intenção é chegar na safra 2025/2026 com mais três defensivos biológicos, alcançando uma marca de 28 produtos.

A ideia original da StayAgro era fazer negócios apenas em Mato Grosso em um primeiro momento.

“Só que em função desse passado de sucesso, com menos de um ano nós estamos presentes em cinco estados além de Mato Grosso: Bahia, Mato Grosso do Sul, São Paulo e estruturando a operação de vendas no Paraná”, afirma Nantes.

O foco de atuação da StayAgro é nas culturas de soja, milho e pastagens, mas também abarca algodão, feijão e arroz.

A ideia é alcançar diretamente médios e grandes produtores e os pequenos produtores via distribuidores de insumos.

Nantes estima que o faturamento da StayAgro seja de R$ 5 milhões na safra 2024/2025, podendo chegar a R$ 7 milhões.

“A gente teria oportunidade de fazer muito mais, mas fomos cautelosos em função do ano que se desenhava quando começamos a operação no ano passado. O momento agora é de mais otimismo, mas lá atrás o pessoal estava bastante preocupado com preço e produtividade”, diz.

Para o ano que vem, a expectativa é de ultrapassar a faixa de R$ 10 milhões, e ir crescendo sucessivamente até chegar a R$ 61,5 milhões na safra 2029/2030. A expansão, no entanto, deve ser feita com parcimônia, avalia Nantes. “Fazer crescimento rápido, mas fazer com pressa é ruim”, afirma.

Os produtos da StayAgro são fabricados em plantas terceirizadas. Inicialmente, Nantes pensou em erguer uma indústria própria, mas mudou de ideia ao visitar diferentes locais do Brasil para encontrar uma sede para a futura fábrica.

“Ao fazer essa rodagem, que foi bastante intensa, identifiquei que existe uma ociosidade fabril acrescida no “período de ouro” do agro, com o preço da soja a R$ 170 e do milho a R$ 80. Muita gente ampliou a capacidade fabril e hoje tem necessidade de fazer ofertas para empresas como a Stay Agro porque ociosidade fabril é o maior custo de uma indústria”, afirma Nantes.

“Ficou muito mais interessante em termos de custo trabalhar com formuladores que a gente já conhece e que tem capacidade de nos fornecer o produto.”

No médio prazo, a ideia da StayAgro é ampliar suas atividades, indo além da nutrição foliar, abarcando também a venda de fertilizantes de solo como enxofre e boro, que seria importado de outros países como a Bolívia.

“Não estamos olhando para nitrogênio, fósforo e potássio, porque esse é um mercado de commodities, e de grandes players, que não é o nosso foco, e que envolve muito capital”, diz Nantes.

Em cinco ou seis anos, a ideia da empresa é exportar seus produtos para países como Austrália, Estados Unidos e China, ainda que essa ideia seja incipiente. “Precisa ainda de estruturação”, diz Nantes.

Nantes salienta que a forma de a StayAgro se diferenciar no mercado de outros concorrentes está na qualidade de seus produtos e, por isso, a empresa nasceu já com a missão de sempre investir em inovação, pesquisa e tecnologia. “Ciência faz parte do DNA da StayAgro”, diz.

No escritório de inovação da empresa, situado em Piracicaba, a empresa desenvolve três projetos na área de biológicos.

“Esses estudos envolvem a identificação e desenvolvimento de produtos à base de microorganismos diferentes que sejam efetivos e eficientes: um no controle de bicudo, outro no controle de percevejo e, por último, um para o controle de formiga cortadeira para pastagem e florestas”, diz o executivo.

Para iniciar a empresa, em março do ano passado, Nantes e outros dois sócios, Carlos Ramiro Piccoli e Sormani Polini, investiram cerca de R$ 1,5 milhão.

Eles estão abertos a investidores no negócios e, inclusive, já receberam ofertas de alguns interessados, mas as negociações não foram adiante pelos valores envolvidos. “Estamos abertos a investidores, mas não a qualquer preço”, afirma Nantes.

“De qualquer forma, estamos de portas abertas se vier um investidor estratégico para somar e trazer uma expertise diferente da nossa.”