A startup americana de aviões autônomos Pyka – pronuncia-se “Páica” – já vinha levantando voo no Brasil ao longo do último ano, ao enviar equipamentos para a SLC Agrícola, companhia de maior área produtiva do País. Agora, a empresa quer ver seus modelos decolarem de vez pelos céus brasileiros.
A empresa acaba de fechar um acordo com a distribuidora de aviões Synerjet Corp para comercializar, no Brasil, o Pelican Spray, aeronave agrícola autônoma, 100% elétrica e com capacidade de carregar 300 litros de carga útil, conseguindo cobrir 90 hectares por hora, aplicando 10 litros por hectare.
“Não há nenhum outro avião como esse no mercado”, resumiu Michael Norcia, CEO da Pyka, durante o evento de assinatura do contrato do acordo, que aconteceu nesta quinta-feira, 30 de janeiro, em São Paulo.
As primeiras aeronaves vendidas no Brasil serão produzidas pela Pyka, que tem sede em Alameda, no estado americano da Caifórnia, ao longo deste ano e entregues à Synerjet no começo de 2026.
O Pelican já recebeu autorizações tanto da Administração Federal de Aviação (FAA, na sigla em inglês), para atividades comerciais, quanto da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), para uso aeroagrícola,
A ideia da Synerjet é vender inicialmente 20 unidades do produto ao longo deste ano e, até o fim da década, chegar a 100 unidades vendidas por ano, segundo Matheus Dallacqua, diretor de vendas e inovaçãoda Synerjet.
A expectativa é alcançar produtores rurais e empresas aeroagrícolas, buscando espaço especialmente na produção de soja, milho, algodão e cana-de-açúcar.
“Mas a aeronave serve para tratar qualquer cultura, que fique claro”, afirma Matheus Dallacqua.
O preço das aeronaves ainda não está fechado. O custo estimado pela Pyka e Synerjet para a operação no campo é de US$ 1,50 por hectare, contra US$ 4 no caso da pulverização terrestre. "É algo que muda o jogo no mercado", diz Dallacqua.
“É de se esperar que o valor fique entre um pulverizador terrestre de grande porte e uma aeronave agrícola tradicional”, projetou Dallacqua. “Vai depender também da cultura, o algodão tem pulverização intensiva, enquanto que milho tem um tamanho menor de área plantada.”
Um diferencial da aeronave, segundo os representantes da Pyka e da Synerjet, é a possibilidade de utilização da aeronave à noite.
“A operação noturna vai ser uma ferramenta importante para operadores aeroagricolas profissionais e, além disso, o Pelican precisa de 90% menos infraesturutra que um avião agricola tradicional. Uma pista de apenas 180 metros é suficiente para aeronave decolar”, afirma.
A ideia, no entanto, não é que as aeronaves autônomas substituam outros equipamentos, mas sim que sirvam como um complemento das ferramentas de pulverização que já existem no mercado.
“Estamos, na verdade, competindo com os aviões convencionais, porque nós podemos oferecer custos menores, uma fração do custo aplicado hoje no mercado, e esse é o melhor beneficio que podemos trazer para os produtores”, acrescentou Volker Fabian, diretor comercial da Pyka.
Essa não é a primeira vez que a Pyka sobrevoa o País, mercado atrativo para a startup por ser o segundo maior do mundo, com pouco mais de 2,5 mil aeronaves, segundo dados do Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola (Sindag), somente atrás dos Estados Unidos.
Em 2023, o AgFeed trouxe com exclusividade a notícia de que a startup estava fazendo suas primeiras sondagens para comercializar o avião autônomo no Brasil, avaliando ainda uma forma de entrar no mercado nacional.
Em julho do ano passado, a empresa deu um passo importante nesse sentido, ao fechar uma parceria com a SLC Agrícola para testar suas aves autônomas no País e, em novembro, enviou os primeiros equipamentos a serem testados pela SLC.
Agora, a Pyka terá mais um importante parceiro ao seu lado, a Synerjet, uma empresa do Panamá, com bases no Brasil e na Colômbia, que possui 20 anos de mercado.e já é a distribuidora oficial das aeronaves executivas da marca suíca Pilatus na América Latina. Alémmdisso, também revende produtos da fabricante de helicópteros Leonardo e da multinacional Honeywell.
“Os Pilatus são aeronaves executivas designadas para operação em pistas não preparadas, usadas pelo agronegócio. Já estamos no mercado de agro há mais de 20 anos. [O acordo com a Pyka é] uma extensão que a gente já faz hoje”, afirmou Fábio Rebello, diretor comercial da Synerjet.
Além de vender os equipamentos no país, a Synerjet também deve ficar responsável pelo suporte aos compradores.
“É de interesse da Pyka e da Synerjet que façamos a manutenção dos equipamentos e vamos trabalhar também a logística de peças para atender o pessoal no campo”, disse Rebello.
Com presença também em Honduras e no Reino Unido, além dos Estados Unidos, a Pyka também quer estar mais próxima do produtor brasileiro.
Além da SLC, a startup fechou contratos com outras duas empresas que vão utilizar suas aeronaves ao longo deste ano, segundo Volker Fabian, diretor comercial, que preferiu não revelar a identidade dessas companhias ou mais detalhes das transações.
Fabian também prometeu presença grandes eventos de comercialização de máquinas dos próximos meses.
“Estaremos em algumas feiras nos próximos quatro, cinco meses. Estaremos na Agrishow, na Showsafra e na Bahia Farm Show. Também estamos planejando fazer demonstrações do produtos com produtores de Mato Grosso”, afirmou Fabian. “Vocês vão nos ver mais no Brasil”, prometeu.