A estiagem dificultou a navegação nas principais rotas e secou os resultados da Hidrovias do Brasil no terceiro trimestre deste ano. O cenário de queda na receita e nos volumes de carga deve prosseguir no quarto trimestre de 2024, aponta relatório do BTG Pactual sobre a companhia logística.
“No geral, o terceiro trimestre foi previsto como relativamente fraco, principalmente devido a condições desafiadoras de navegação nos corredores Sul e Norte. Esperamos que isso continue no quarto trimestre de 2024”, aponta o documento.
Balanço da companhia apontou queda na receita operacional líquida de 10% no período de julho a setembro, ante igual período de 2023, para R$ 488 milhões, enquanto o Ebtida (lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação) recuou 13% na mesma base de comparação, para R$ 170 milhões.
Os volumes transportados e captados pela empresa atingiram 4,334 milhões de toneladas, recuo de 18,9% ante o total de 5,346 milhões de toneladas no mesmo trimestre de 2023.
“No geral, os volumes caíram (...) principalmente devido aos fracos desempenhos dos corredores Norte e Sul”, informa o banco.
No corredor Norte, a Hidrovias do Brasil opera a estação de transbordo em Itaituba e o terminal em Barcarena, no Pará, para exportação, além de um terminal de fertilizantes para importação, na rota entre os dois portos, no Tapajós.
Nessas operações houve recuo de 15,6% no volume, para 1,966 milhão de toneladas, mas uma alta de 6,7% na receita, para R$ 249 milhões.
No corredor Sul, cuja a operação é via hidrovia Paraná-Paraguai, no transporte de minério de ferro, grãos, celulose e fertilizantes, a situação é pior, com queda de 43,5% no volume transportado, para 962 mil toneladas, e de 38% na receita, para R$ 139 milhões.
“Como resultado, a Hidrovias do Brasil continua seus estudos e iniciativas relacionadas às restrições de navegação, especialmente no corredor Sul, com o objetivo de melhorar gradualmente a estabilidade operacional”, destaca o BTG Pactual.
Com a dificuldade nas operações, os investimentos caíram e o endividamento subiu na Hidrovias do Brasil no trimestre, destacam os analistas. Em comparação ao segundo semestre deste ano, o capex consolidado saiu de R$ 96 milhões para R$ 69 milhões, “refletindo projetos de expansão ao longo do corredor Norte e manutenção no corredor Sul”.
A alavancagem em dívida líquida/EBITDA aumentou para 6,1 vezes, ante 5,4 vezes no segundo trimestre, “refletindo um EBITDA dos últimos 12 meses menor e impactos de marcação a mercado sobre a dívida dolarizada”.
Mar para peixe
Sem depender de chuvas, as operações marítimas dos braços de navegação costeira e portuárias da Hidrovias do Brasil foram positivas no trimestre. A receita operacional da navegação costeira totalizou R$ 63 milhões, alta de 21%, mesmo com a queda de 5% no volume transportado entre os períodos, para 912 mil toneladas.
A receita no Porto de Santos com fertilizantes e sal avançou 22,5% entre os trimestres, para R$ 37 milhões, explicada pelo início das operações de sal, com alta de 39,1% no volume, a 498 mil toneladas.
O relatório cita também o aumento de capital de R$ 1,5 bilhão aprovado pelos acionistas no trimestre, a R$ 3,40, por ação para financiar a agenda de crescimento e aumentar o valor para os acionistas.
“A HBSA está sendo negociada a um múltiplo baixo de 6x Roic (Retorno sobre investimento de capital)/EBITDA 2025, mas acreditamos que o mercado acompanhará de perto temas como condições de navegação e alavancagem antes de ganhar mais confiança na empresa”, informa o BTG Pactual.
Mesmo com o cenário negativo, o banco mantém a recomendação de compra dos papéis da companhia com o preço-alvo de R$ 6 em 12 meses, o que não ocorre desde 2021. No início da tarde de hoje, as ações da Hidrovias do Brasil eram negociadas a R$ 3,10, recuo de 4% no pregão da B3.