Em busca de mais inovação para acrescentar ao seu portfólio de produtos biológicos, a Mosaic está desenvolvendo uma espécie de "Shark Tank" do agro. A iniciativa é inspirada no programa de televisão de origem nos Estados Unidos, mas com adaptação em diversos países, inclusive aqui no Brasil.

No formato original do programa, empreendedores apresentam suas ideias de negócios para um grupo de investidores, conhecidos como sharks (tubarões) e tem o objetivo de conseguir investimento financeiro para expandir ou iniciar seus negócios.

Por sua vez, o grupo de investidores decide se querem investir nas empresas ou não, negociando os valores e porcentagens de participação na empresa.

Seguindo esse modelo, a ideia da Mosaic é se conectar com startups que possam oferecer soluções inovadoras aos agricultores.

“A gente está em contato com as instituições que têm todo esse ambiente de startups. Estamos selecionando as startups para fazer o pitch. A ideia é que em novembro a gente tenha esse evento", explicou Alexandre Alves, diretor de Mosaic Biosciences, em entrevista ao AgFeed.

O projeto está em fase de peneira: começou com 100 startups, depois foram selecionadas 30 e agora chegaram a 10.

Conforme Alves, a seleção foi feita com foco no que será importante para o agricultor no futuro, buscando não apenas produtos, mas também tecnologias de serviço, como o mapeamento do microbioma do solo e a implementação de novas formas de aplicação.

“A gente vem melhorando essa inovação a cada dia. Então, a gente vem trazer essa inovação de outras pessoas também, de outros acessos que não tinhamos”, disse Alves.

A iniciativa caminha ao encontro dos investimentos da Mosaic no setor de biológicos. Com uma meta ambiciosa, a companhia norte-americana quer alcançar US$ 100 milhões em faturamento com produtos biológicos até 2030, conforme antecipado pelo AgFeed.

E essa caminhada já começou a dar frutos. "Este ano, atingimos a marca de 1 milhão de hectares acessados com nosso portfólio", afirmou Alves, ressaltando que a área alcançada considera os quatro produtos (todos inoculantes) lançados pela Mosaic no primeiro semestre deste ano.

Agora, para impulsionar os números, a Mosaic aposta em um novo produto recomendado para as lavouras de soja e milho: MBio Stimulus.

Segundo Rafael Nogueira, gerente de Marketing de Mosaic Biosciences, diferentemente dos produtos lançados anteriormente — focados no início do ciclo do cultivo, ou seja, voltados para o tratamento e para a melhoria do solo —, o MBio Stimulus vai ajudar no desenvolvimento da planta, uma vez que ele é destinado à aplicação foliar, contribuindo para que a planta enfrente desafios, como seca, durante o ciclo.

A expectativa é vender 100 mil litros desse produto neste primeiro ano, o que daria acesso a 200 mil hectares, segundo cálculos da companhia.

“Estamos em um momento muito importante, em que o produtor que está adquirindo insumos para o milho. Então esse produto com certeza vai entrar muito nessas conversas junto ao agricultor”, projeta Nogueira.

O MBio Stimulus também entra na parceria estabelecida em julho deste ano entre a Mosaic e a Cargill no programa ReSolu.

Este programa não só oferece suporte técnico em campo para promover o uso mais eficiente dos fertilizantes, como também inclui um “cashback” para os agricultores participantes, resultando em descontos na linha de produtos sustentáveis da Mosaic, com destaque para os biológicos.

Biológicos competitivos

Ao ser questionado sobre a competitividade dos produtos biológicos, o diretor da Mosaic Biosciences foi objetivo: “São muito competitivos”.

Ao detalhar a resposta, fez uma analogia com a popular propaganda do tubos e conexões Tigre: “Era menos de 2% do custo da obra, mas era a base de tudo. É mais ou menos o que a gente está falando aqui”, disse.

“Os bioinsumos custam menos de 3% de todo o montante que o agricultor vai investir”, afirmou Alves ao destacar o baixo investimento no orçamento do agricultor, mas o papel fundamental para garantir a produtividade e, consequentemente, a rentabilidade da lavoura.

No entanto, os agricultores que adquirirem biológicos devem ficar atentos. O cenário de entrega pode ser semelhante à lentidão verificada nos fertilizantes químicos.

Segundo a companhia, apesar de ter garantido que os produtos fossem produzidos antecipadamente e estivessem disponíveis nos centros de distribuição, “os agricultores e distribuidores que ainda não se posicionaram quanto à compra dos biológicos podem ter dificuldades para receber produtos da indústria dentro do período recomendado de aplicação para esta safra”, alerta.