O mercado de Fiagros está sendo testado ao extremo este ano, com casos de inadimplência pontuais gerando prejuízos para alguns fundos e desconfiança do investidor em relação ao segmento.

A Suno Asset, entretanto, tem demonstrado disposição de encarar esse cenário de frente e testar, ela mesma, o mercado com uma nova oferta para captação de recursos para seus veículos.

Na noite da quarta-feira, 31 de julho, a gestora protocolou um documento em que anuncia o início do processo para a emissão de até 35 milhões de novas cotas do seu Fiagro Imobiliário SNAG11, que já possui mais de 100 mil cotistas. Se a demanda corresponder, o follow on pode significar um aporte de até R$ 352 milhões no fundo, segundo informa o fato relevante.

A oferta é destinada aos atuais cotistas e a investidores profissionais e deve ser encerrada, de acordo com o documento, em janeiro de 2025. A distribuição será feita pela corretora Singulare, que atua no papel de administradora da emissão.

Em período de silêncio, a Suno não comentou a operação, que, se bem-sucedida, fará o patrimônio do SNAG11, criado em 2022, saltar dos atuais R$ 504 milhões para mais de R$ 850 milhões.

O Fiagro da Suno já era visto no mercado como um forte candidato para uma nova emissão. Isso porque, diferentemente de outras gestoras, que viram o valor de mercado de seus fundos cair muito no início deste ano, o desempenho do SNAG11 foi positivo.

Um dos componentes que influenciam nessa situação é o indicador “preço sobre valor patrimonial (P/VP)”, que, como o próprio nome indica, faz uma relação entre o valor patrimonial do Fiagro e o “valor de tela”, ou seja, quanto o mercado secundário está pagando por uma cota daquele fundo.

Dados e um estudo divulgado em junho pelo serviço “FII newspaper” mostravam que o SNAG11 é um dos quatro, entre 28 Fiagros analisados, que tinham o P/VP igual ou acima de 1 - quer dizer, seu valor patrimonial era no mínimo igual ao que o mercado estava pagando.

Além desse ponto, outras variáveis também tornam o Fiagro da Suno atraente aos analistas. Uma delas é o fato de, até agora, não ter registrado nenhum caso de inadimplência.

O SNAG11 combina ativos de diversas regiões e culturas agrícolas. Entre eles, há uma presença razoável em grãos, já que o fundo inclui um CRA da Boa Safra Sementes, mas também duas operações de café (um produtor do Sul de Minas Gerais e um FDIC com a fintech BigTrade) e até de leite (da Leitíssimo).

O critério mais rígido nessa seleção, segundo afirmou em entrevista recente ao AgFeed, Octaciano Neto, diretor de Agronegócios da Suno, é a capacidade de pagamento, trazer clientes que tenham capacidade de geração de caixa “acima da média”. “Somos um fundo high grade, que foca em operações mais seguras, mas pode ser de qualquer setor, qualquer região do Brasil”, explicou.

Um dos diferencias da gestora, disse, tem sido a “estratégia de comunicação e transparência”. Segundo ele, a Suno mantém contato direto com os investidores via plataformas como Instagram e YouTube, fazendo lives, respondendo perguntas, de uma forma mais próxima que nem toda gestora consegue implementar.

Além do SNAG11, a Suno possui outros dois Fiagros no mercado. O CAFE11, com valor estimado em R$ 30 milhões, foi lançado no ano passado em parceria com a BigTrade.

Mais recente é o SNFZ11, dedicado ao mercado de terras, que teve sua oferta pública encerrada no início de julho, captando R$ 62 milhões. Uma aposta da Suno que derrotou o mau humor do mercado.