Uma das maiores empresas de alimentos do mundo, a JBS está atenta ao apetite dos países árabes por garantir a segurança alimentar em uma região com poucos recursos naturais para impulsionar a produção agropecuária.

Enquanto os investidores sauditas vêm ao Brasil em busca de oportunidades para garantir o fornecimento para o seu país, a companhia brasileira expande suas atividades por lá, buscando reforçar a força de suas marcas entre os consumidores locais.

Na área de alimentos com base nas carnes de aves, por exemplo, a JBS atua na Arábia Saudita com a marca Seara. Com duas fábricas em funcionamento, produz 40 mil toneladas de produtos. Possui, ainda, oito centros de distribuição no país.

Esses números ganham grande impulso a partir de novembro, com a inauguração de mais uma unidade fabril. Resultado de investimento de US$ 50 milhões, a fábrica vai abrigar a produção de empanados de frango na cidade de Jeddah.

Com essa planta, a companhia vai quadriplicar sua produção na Arábia, onde, recentemente, já havia aberto outra unidade de processamento, na cidade de Dammam.

O anúncio da data de abertura nova fábrica coincide com a visita a São Paulo de uma comitiva de representantes do governo saudita, que vieram ao Brasil apresentar oportunidades de investimentos no seu país.

Eles estiveram reunidos com o CEO global da JBS, Gilberto Tomazoni, para quem apresentaram detalhes do programa de desenvolvimento econômico "Visão Saudita 2030". Os principais focos desse plano estão nas áreas de economia verde, alimentos e mineração.

Em dezembro passado, Wesley Batista, sócio da J&F, controladora da JBS, já havia anunciado o investimento na planta durante seminário em Riad, capital da Arábia Saudita.

"Temos recentemente visitado o mercado e olhado com uma visão de que existem oportunidades", disse na ocasião controladora da JBS. "A cada dia nos interessamos mais em explorar a possibilidade de fazermos investimentos muito mais relevantes do que vínhamos pensando no passado".

No sentido contrário, capitais sauditas têm abocanhado fatias de grupos nacionais de alimentos, com destaque para o fundo Salic, que no ano passado adquiriu, em operação bilionária, mais de 10% de participação na BRF, principal concorrente da Seara.

O fundo também mantém um naco de mais de 30% da Minerva, no setor de alimentos processados, e participa do capital da Olam Brasil, de grãos e oleaginosas.