“A arte de persistir” e a “resiliência do produtor rural” foram temas de uma palestra, essa semana, de um dos principais executivos da Basf no Brasil, durante o World Agri-Tech South America Summit, que reuniu lideranças de importantes multinacionais e agtechs com foco na agricultura do País.
Ademar De Geroni Júnior, vice-presidente de marketing estratégico para a América Latina, abordou os desafios da agricultura, que uma hora enfrenta seca, em outro momento tem chuva demais e assim precisa lidar com os “ups and dows” inerentes ao setor.
Na visão da empresa, que adotou o slogan “amor à agricultura, o maior trabalho da terra”, é necessário colaboração e vontade de inovar, com foco em sustentabilidade, para lidar com os desafios.
Nesse aspecto, De Geroni disse ao AgFeed que uma das prioridades é incentivar o aumento da utilização de produtos biológicos.
A Basf não revela quanto este segmento já representa na receita da empresa, mas diz que seguirá buscando crescer, lançando novos produtos e buscando parcerias.
“Tem muitas empresas especializadas em biológicos que precisam desse acesso a mercado que a Basf tem. Assim vamos ampliar nossa participação”, afirmou o executivo.
A empresa não tem fábrica própria de biológicos no Brasil. A principal planta de inoculantes que possui fica na Argentina e atende, em parte, o mercado brasileiro.
Os demais produtos são feitos a partir destas parcerias com indústrias locais, mas boa parte da indústria já se abastece de formulações biológicas que a Basf produz na Europa, desde 2012, quando adquiriu, por cerca de US$ 1 bilhão, a Becker Underwood, que na época era líder mundial em tecnologias para o tratamento biológico de sementes, corantes e polímeros.
“É um mercado crescente (de biológicos), que chega a US$ 1 bilhão na América Latina como um todo e deve chegar a US$ 2 bilhões até 2030. Queremos participar com 10% ou mais”, disse o VP de marketing da Basf.
Além do mercado de biofungicidas, a empresa aposta em um bionematicida, o Votivo Prime, lançado em 2021, que segundo De Geroni, está trazendo bons resultados não apenas nos grandes cultivos mas também em frutas e vegetais.
Para ampliar o portfolio, a Basf também espera contar com mais contribuições de uma planta de biológicos adquirida na Alemanha, no ano passado, “por uma dezena de milhões de euros”. Os primeiros itens produzidos na unidade devem chegar ao mercado em 2025.
Mercado reage?
O executivo da Basf admitiu que o primeiro trimestre de 2024 foi fraco para o setor de defensivos, à medida que a comercialização de grãos, por exemplo, “chegou a registrar dois meses de atraso, na comparação com anos anteriores”.
Ele disse, no entanto, que desde o final de maio “o mercado chegou no mesmo nível do ano passado em termos de vendas”.
A expectativa agora é de uma reação mais forte do mercado, com a proximidade da safra 2024/2025.
“Houve uma queda acentuada em 2023 e tivemos desempenho melhor que o mercado, esperamos ser melhores de novo esse ano”, afirmou De Geroni.
Executivos da companhia chegaram a prever crescimento de dois dígitos até o início do ano.
Na conversa dessa semana com o AgFeed, o VP de marketing preferiu apostar em um dígito, admitindo a possibilidade de crescer 5% em 2024.
“Ainda há uma parte de estoques do ano passado que precisa ser consumida para abrir espaço para novas vendas”, explicou.
Em relação aos cultivos, ele diz que espere que o mercado siga positivo para o algodão e cresça “um pouquinho” no milho.
Já na soja prevê que a área fique estável ou com leve crescimento, considerando que as enchentes no Rio Grande do Sul ainda trazem incertezas sobre como será a próxima safra em algumas regiões do estado.