Um ano com começo ruim, mas com final feliz. Essa é a previsão do Sindicado nacional da Indústria de Produtos para a Defesa Vegetal (Sindiveg) para 2024, segundo João Lammel, vice-presidente de relações institucionais da entidade.
O início complicado está registrado nos números de uma pesquisa realizada pela Kynetec Brasil a pedido do Sindiveg, divulgada nesta quarta-feira, 12 de junho, na sede da Ihara, em Sorocaba (SP).
Ela indica que, a despeito do aumento de 8,7% na área tratada na soma das culturas agrícolas e de 8,2% no volume aplicado, a receita em dólares obtida com a comercialização dos defensivos recuou em 12 % no primeiro trimestre de 2024, quando comparados ao mesmo período de 2023. Em real, o tombo foi de 15%.
Segundo Lammel, o Sindiveg entende, entretanto, que há condições claras para uma mudança de cenário ao longo do ano, acentuando-se no segundo semestre. E que, ao fechar 2024, o setor obtenha um crescimento entre 3% e 5%, em dólares.
“A tendência de área tratada e volumes é aumentar novamente, em função dos cultivos. Embora os preços não estejam muito atrativos, prevemos aumento da área de soja e de milho para a safra de verão do próximo ano, que tem muitas das compras feitas ainda este ano”, disse ele ao AgFeed.
“E partimos da premissa de que os preços dos defensivos não vão cair mais do que já caíram”, avaliou. “Acreditamos inclusive que há espaço para recuperação dos preços de alguns produtos de maior volume”.
A safra 2023/2024, de acordo com o dirigente, foi marcada pelo descompasso entre o uso e a comercialização dos defensivos por parte da indústria. O aumento de área tratada e dos volumes aplicados, registrados pela Kynetec, foram atendidos, em grande parte, por produtos que estavam estocado em revendas e propriedades rurais.
“A safra 2023/2024 consumiu grande parte dos inventários”, diz. “Estamos começando as negociações para 2024/2025, é outro cenário. A tendência entre mercado e indústria é convergir”.
De acordo com a pesquisa, quando avaliado o ano calendário de 2023, houve um consumo total de 1,4 milhão de toneladas defensivos, 9,5% acima do utilizado em 2022. Uma das explicações para o aumento viria do clima favorável ao desenvolvimento de pragas nas lavouras.
Do total, de acordo com a Kynetec, 47% do volume aplicado foi comde herbicidas, 22% coma fungicidas, 22% com inseticidas, 1% com tratamento de sementes e os demais 8% com outros tipos de produtos. A soma utilizada corresponde a 2.240 bilhões de hectares tratados (somando-se múltiplas aplicações em uma mesma área).
De acordo com o levantamento, também considerando o ano calendário, o valor de mercado para o uso de defensivos apresentou alta de 1,9%. Em 2022, foram US$ 20,3 bilhões em 2022 e, no ano passado, US$ 20,7 milhões em 2023. Isso em função dos valores mais altos no primeiro semestre de 2023, antes de começar a ocorrer uma queda generalizada nos preços dos defensivos, que se refletem no resultado quando analisado por ano safra.