A startup argentina Agrotoken, referência na tokenização de grãos, pode ser cada vez mais token, mesmo que não tão diretamente ligada ao agro. Em entrevista ao AgFeed, o diretor da operação brasileira da empresa, Anderson Nacaxe, afirmou que a empresa começou a ser demandada a estruturar projetos para outros setores.

“Estamos indo além e já estamos falando de minerais, energia e créditos de carbono. Muitos novos projetos estão aparecendo”, disse, durante conversa realizada na Agrishow 2024.

Esse novo momento acontece meses após uma injeção de US$ 12,5 milhões feita em uma rodada de investimentos que contou com a Visa, gigante de meios de pagamento, e a megatrading Bunge.

“Depois da entrada da Visa e da Bunge, vimos várias portas novas se abrindo. Os aportes validaram toda a credibilidade da empresa”, afirmou Nacaxe.

Nas palavras do diretor, a Agrotoken vai se consolidar como uma empresa de tecnologia capaz de tokenizar qualquer ativo natural. Mesmo com o agro ainda sendo o setor mais pujante quando falamos nesse tipo de ativo, a ideia é entrar no universo ESG.

Segundo Nacaxe, a tokenização pode funcionar como uma “comprovação de origem” no ambiente digital, algo cada vez mais exigido por alguns mercados consumidores.

“O mercado de commodity tem uma demanda interessante para deixar de ser commodity. Ele quer ser diferenciado, e vejo uma grande oportunidade nisso. Criar um modelo que garanta origem e que separe um produtor que adota boas práticas de outro têm um grande potencial de mercado”, conta.

Ainda no setor agropecuário, mas fora do universo dos grãos, Nacaxe afirmou que têm surgido muitas demandas para tokenização de terras e animais.

A Agrotoken está passando por um momento de se posicionar enquanto um player de infraestrutura tecnológica, e não apenas de criptomoedas. Segundo Nacaxe, 2024 é um ano para se consolidar como tal.

Atualmente são cinco plataformas de negociação, tanto de comercialização dentro de uma indústria como fora, um marketplace, por exemplo, que rodam com a infraestrutura da Agrotoken, afirma Nacaxe.

Um desses projetos envolve o Banco do Brasil e sua plataforma digital para o agro, o Broto. Na parceria, a Agrotoken fornece soluções digitais integradas aos agricultores.]

A ideia é dar a opção aos produtores de comprar máquinas, fertilizantes e outros insumos na plataforma Broto pagando com a própria produção tokenizada.

Segundo Nacaxe, o grande volume de clientes está nesse tipo de iniciativa, o que torna difícil a mensuração da quantidade de clientes produtores na ponta final.

Contudo, fora desses sistemas de infraestrutura em grandes clientes, ele contou que a base própria de produtores da Agrotoken deve dobrar em 2024.

Após fechar 2023 com 3 mil produtores, Anderson Nacaxe estima que a base de usuários deve encerrar 2024 com cerca de 6 mil clientes. “No primeiro trimestre já crescemos a base em 30% frente ao que fechamos no ano passado”.

Paralelo a isso, a empresa tem utilizado cada vez mais o termo “barter” associado aos negócios da empresa. A Agrotoken entende que deve mostrar essa opção como parte de um caminho para a simplificação dos processos nas transações de troca de bens como insumos e máquinas pelo resultado das colheitas.

“Estamos indo para um modelo de negócio entendendo que a Agrotoken é uma ferramenta de barter, pois ela deixa essa operação mais inteligente e mais rápida. Colocar essa camada de tecnologia facilita as coisas, unindo o ecossistema como um todo”, contou Nacaxe.

O objetivo declarado da empresa é conquistar, com o uso das suas ferramentas tecnológicas, de 20% a 30% do mercado de barter nos próximos cinco anos. Nas estimativas da companhia, o barter representa até 40% das transações do agronegócio brasileiro.