Uma das maiores indústrias de bens de consumo do mundo, a Unilever está em reforma. Nesta terça-feira, 19 de março, a multinacional anglo-hoandesa dona de marcas como Hellmans, Knorr e Ben & Jerry’s, para se resumir apenas ao mercado de alimentos, anunciou que iniciou um intenso processo de reorganização, que inclui o corte de 7,5 mil funcionários e até mesmo a saída de alguns negócios.
O anúncio é uma resposta do CEO, Hein Schumacher, à pressão de investidores pedindo desempenhos mais robustos à companhia. Ele assumiu o posto em junho passado, prometendo justamente sacodir o grupo e entrega, agora, seu primeiro grande movimento nesse sentido.
Na mira de Schumacher está, nesse momento, a unidade de produção de sorvetes do grupo, que conta com cinco das dez marcas mais vendidas no mundo no segmento. Além da Ben & Jerry’s, é dona de Magnum e Walls, populares na Europa, e a brasileira Kibon.
A área é vista como problemática para a empresa, seja por ser a que apresenta menores taxas de crescimento – em 2023, as vendas cresceram 2,3%, para US$ 8,6 bilhões – ou por enfrentar resistências internas, como a do próprio conselho independente da Ben & Jerry’s.
A criação desse conselho foi uma exigência dos antigos controladores para efetuar a venda para a Unilever, em 2000. No ano passado, os conselheiros decidiram processar a nova dona, por discordar da decisão de vender de seus produtos em Israel.
O banco britânico Barclays estimou que a venda do negócio de sorvetes poderia gerar 17 bilhões de euros (cerca de R$ 93,5 bilhões) à Unilever.
Transformação agrícola
Em outra frente, a gestão de Schumacher também promete trazer grandes impactos. Na semana passada, a companhia fez outro anúncio, atualizando seu plano de transição climática. A nova versão traz metas mais ambiciosas que as anterior, antecipando para 2039 o objetivo de tornar suas operações Net Zero, que antes estava previsto para 2050.
A empresa disse esperar atingir 100% de redução nas emissões de gases de efeito estufa nos escopos 1 e 2 até 2030. Nas de escopo 3, que incluem as emissões indiretas provenientes da energia utilizada e do uso da terra, com florestas e agricultura, até o final da década as metas seriam 42% e 30,3%, respectivamente.
Para atingir essas metas, a Unilever afirmou que vai promover “transformações” em sua cadeia de fornecimento agrícola. O foco dessa transformação estará no incentive à adoção de modelos regenerativos, com enriquecimento de solos, melhoria da oferta e qualidade de água e recuperação da biodiversidade nas propriedades rurais, entre outras práticas.
Sem citar valores, a empresa informou estar avaliando investimentos em diferentes biomas, com projetos capazes de engajar pequenos produtores, entidades civis, empresas e governos locais.
“Como uma empresa dependente de ingredientes químicos agrícolas e do uso intensivo de energia, acreditamos que a transição para se tornar um negócio de baixas emissões traz muitos benefícios”, afirmaram Hein Schumacher, CEO da Unilever, e Ian Maekins, chairman da Unilever, na nota introdutória ao plano de ação climática.
No Brasil, a Unilever já mantém programas de compra de soja sustentável certificada pela RTRS (Round Table for Responsible Soy) para a produção da maionese Hellmans, por exemplo.