Os carros elétricos e híbridos já estão se consolidando no Brasil, com algumas estimativas apontando que o número de emplacamentos destes veículos quase dobrou em 2023.
Mas um mercado ainda pouco explorado é o de logística com veículos elétricos. A Fever Mobilidade, empresa montada no ano passado por um empresário que representa a terceira geração de uma família que atua no segmento de concessionárias de automóveis, está de olho nesse potencial.
Nelson Füchter Filho, fundador e CEO da Fever, está testando no Brasil um caminhão compacto da fabricante italiana Alkè. Ele projeta uma trajetória rápida de crescimento, impulsionado pelo agronegócio.
“Esperamos vender 90 unidades até o final deste ano, o que é um patamar inicial muito bom. No ano passado, o líder de vendas de caminhões elétricos vendeu entre 200 e 250”, conta Füchter.
No geral, a ambição da Fever é grande. A empresa, que já atua também na distribuição de triciclos elétricos usados principalmente pelo varejo para entregas nas cidades, projeta vender 18 mil veículos até 2027, e faturar R$ 2 bilhões até lá.
Füchter não detalha o mix entre o caminhão da Alkè e os triciclos fabricados pela chinesa RAP. Mas no caso dos veículos vindos da Europa, a aposta no agronegócio é grande. “Acredito que o agro responderá por pelo menos 50% das vendas de caminhões elétricos”.
A capilaridade não será um problema para a Fever, que desde o início de suas operações, em outubro de 2023, já abriu 18 lojas em todas as regiões do país. “A meta é dobrar esse número de concessionárias até o fim de 2024 e vender 2,4 mil veículos”, conta Füchter.
A empresa vai começar vendendo o modelo Aikè ATX 340 EH, com preço inicial de R$ 310 mil. Haverá também a opção de assinatura, com prazos de até 60 meses, segundo o CEO, com valor mensal de R$ 10 mil. “A projeção é que a assinatura represente metade do volume”.
Segundo Füchter, cerca de 25% dos caminhões vendidos pela Aikè na Itália são usados em vinícolas. “Aqui, nós esperamos uma boa aceitação entre os produtores de frutas. Por se tratar de um veículo mais compacto, ele não prejudica as raízes e tem uma boa mobilidade no pomar”.
Na Europa, segundo um estudo feito pela fabricante, há casos de pequenos produtores rurais que substituíram tratores a combustão pelos caminhões elétricos, com ganhos de 30% em eficiência operacional e de 90% de diminuição nos custos com combustíveis e manutenção.
“Você retira a necessidade de armazenar combustível dentro da propriedade, elimina ruídos, os trabalhadores deixam de inalar fumaça tóxica. É um ganho ambiental e social importante”, diz Füchter.
O empresário conta que já fechou parceria com a rede Bosch, para manutenção das partes mecânicas, e com a Intelbrás, para carregadores e outras partes eletrônicas.
O veículo pode ser usado de diversas formas, inclusive tendo capacidade para acoplar arados, atuar como regador e pulverizador. “A autonomia é de até 200 quilômetros e, depois de 3,5 horas, ele está totalmente carregado”, conta Füchter.
O caminhão está em fase de testes no Brasil, sendo utilizado em uma fazenda em Minas Gerais. “Vamos receber o primeiro grande lote agora em fevereiro, para começar a vender efetivamente”.
Sobre a locação, a Fever já tem sua empresa própria, a Fever Fleet. Mas Füchter não descarta parcerias com grandes empresas do setor. “Estamos sempre abertos a conversas, e serão recebidos com tapete vermelho. Até por serem potenciais compradores”.