Existem hoje no mercado muitos cursos que ajudam a formar profissionais com capacidades de liderança no agronegócio. Ter uma comunicação assertiva, visão de mercado e conhecimento sobre tecnologia e inovação estão entre as habilidades de qualquer líder.
Mas e a gestão de pessoas? Como extrair o melhor delas, garantindo resultados consistentes e comprometimento com a companhia e a com a expansão dos negócios?
É disso que o CEO da Cibra, Santiago Franco Jaramillo, fala em seu livro Liderança e Gestão de Pessoas no Agronegócio – Como a gestão focada em pessoas pode trazer resultados extraordinários para sua empresa.
Na obra, Jaramillo conta quais foram as estratégias adotadas e que fizeram a Cibra sair de um faturamento de R$ 70 milhões, em 2012, para R$ 8 bilhões no ano passado, ocupando a posição de quinta maior produtora de fertilizantes do país.
“O livro é um convite para a busca de equilíbrio a partir de um estilo de liderança humanizado, focado nas pessoas e inspirado na natureza, onde tudo funciona de forma harmônica”, conta o executivo. “Empresas devem funcionar como um ecossistema, no qual cada um faz a sua parte e tudo flui de forma equilibrada e consistente.”
Ter uma equipe tecnicamente qualificada não é suficiente para o sucesso de uma companhia. É preciso que essa equipe também esteja engajada e motivada. Afinal, pessoas que trabalham felizes, entregam mais, defende o autor.
A evolução da Cibra, que cresceu 71 vezes em 10 anos, é o exemplo disso. Fundada em 1994 pelo grupo Paranapanema com o nome de Cibrafertil, ela foi comprada em 2012 pelo grupo Omimex, dos Estados Unidos, a partir da Abocol, que era o braço de fertilizantes da empresa na Colômbia. Diretor comercial da Abocol, Santiago foi convidado a assumir a operação no Brasil, com o desafio de escalar resultados e produtividade.
“Quando cheguei, o escritório não tinha cadeira, a internet era a cabo, as janelas estavam quebradas, os banheiros interditados e as paredes em ruínas. Era um cenário desolador”, conta. Como ter funcionários engajados trabalhando nessas condições?
Além de iniciar uma reforma geral nas instalações, Jaramillo se sentou com as pessoas. Ouviu e depois apresentou quais eram as metas por área, o que se esperava de cada um, onde queria chegar e como isso seria feito.
Além da fixação de metas, foram criados rituais com a equipe que ajudavam a dar transparência e aumentar engajamento. Entre essas rotinas estão alinhamentos diários e curtos, encontros semanais e reuniões mensais onde eram apresentados os resultados da companhia para todos os colaboradores.
Esses rituais foram fundamentais para as pessoas se sentirem parte do todo – e se engajarem com evolução do faturamento, lucro e qualidade da produção.
“O processo de desenvolvimento de uma nova cultura, com transparência e diálogo, foi fundamental para que em dez anos o nosso crescimento fosse de 71 vezes”, diz Jaramillo. “Sem o engajamento das pessoas, nenhuma empresa alcança bons resultados”.
O executivo acredita que a sustentabilidade e o crescimento sólido de qualquer negócio dependem das pessoas. E que no agro, com todo o seu potencial de expansão, não é diferente.
“Mas ainda existe muita empresa no setor que faz gestão do modo antigo, com o dono controlando cada detalhe, da conversa com o cliente ao horário de saída do caminhão. É humanamente impossível gerir uma empresa assim”, diz.
Num modelo de gestão controlador, perde-se o que a construção de uma cultura corporativa sólida tem de melhor: espaço para a espontaneidade e criatividade dos colaboradores.
Afinal, é deles que virão a inovação e as melhores ideias e isso só é possível de acontecer quando o conjunto de atitudes, crenças e valores que guiam o comportamento das pessoas no dia a dia da companhia está consolidado.
E como chegar lá? No livro, Jaramillo lista algumas sugestões para se construir uma cultura corporativa consistente e para o desenvolvimento das pessoas, traz sugestões de ferramentas e metodologias que podem auxiliar no processo de gestão e dicas do que considera essencial para a sustentabilidade de um negócio.
Entre elas estão a criação de rituais, ou seja, de momentos de interação com o time, para contar o que está acontecendo com transparência, além da realização de pesquisas tanto de clima, para ouvir os funcionários, quanto de satisfação do cliente, para se ter uma mensuração da perenidade do relacionamento que afeta diretamente as perspectivas de negócios.
“Confiar na equipe, ter metas claras e flexibilidade para mudar o que for preciso”. É assim que se constrói um líder.