Com o agronegócio no centro dos fatores de crescimento econômico do Brasil, a demanda por crédito no setor também é cada vez maior. Os números das emissões de títulos de dívida privada confirmam esta tendência.
Segundo o Boletim de Finanças Privadas do Agro, levantamento feito pelo Ministério da Agricultura e Pecuária, a soma do estoque de títulos voltados ao setor fechou o primeiro semestre de 2023 em R$ 822 bilhões.
Reunindo todas as alternativas disponíveis, em junho do ano passado, este volume era de R$ 525 bilhões. Assim, o crescimento em um ano foi de 56%.
Comparados com os números de dois anos antes, os crescimentos são ainda mais expressivos. No caso da Cédula do Produto Rural (CPR), o estoque chegou a quase R$ 260 bilhões no primeiro semestre deste ano, ante R$ 56 bilhões em 2021. Ou seja, o volume mais que quadruplicou em dois anos.
Pelo levantamento do Mapa, a CPR não só cresceu, mas também se disseminou entre mais produtores. O ticket médio, em 2022, era de R$ 2,16 milhões, e passou para R$ 1,66 milhão em 2023.
Os registros de novas CPRs por safra mais que quintuplicaram desde a safra 2020/21, passando de R$ 51 bilhões para R$ 272,7 bilhões.
As Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs) tiveram aumento de estoque de quase 240% em dois anos, passando de R$ 124,1 bilhões para R$ 420,8 bilhões.
Estes títulos são emitidos pelos bancos e, do valor captado, pelo menos 35% precisam ser direcionados para o financiamento rural, em suas diversas modalidades. Dentro deste montante, pelo menos 30% devem ir para o crédito rural, que tem condições diferenciadas.
Neste sentido, o valor mínimo reaplicado no financiamento rural passou de R$ 43,4 bilhões para R$ 147,2 bilhões. No crédito rural, o volume mínimo dobrou, passando de R$ 21,7 bilhões para R$ 44,1 bilhões.
Outro volume que dobrou desde o fim do primeiro semestre de 2021 foi o estoque de Certificados de Recebíveis do Agronegócios (CRAs), passando de R$ 55,3 bilhões para R$ 111,2 bilhões. Em um ano, o crescimento no estoque de CRAs foi de 42%.
Outro título acompanhado pelo Mapa, este menos utilizado no setor, é o Certificado de Direitos Creditórios do Agronegócio (CDCA), com estrutura parecida com os CRAs, mas emitidos diretamente por cooperativas ou outras empresas da cadeia do agronegócio. O estoque desses papéis passou de R$ 12,5 bilhões em junho de 2021 para 30,3 bilhões em 2023, avanço de 142%.
Por fim, os Fiagros, “caçulas” entre os instrumentos de crédito para o agronegócio, triplicaram de patrimônio em um ano, passando de R$ 5 bilhões em junho de 2022 para R$ 15,6 bilhões em 2023.
O número de fundos acompanhou de perto o avanço do volume, passando de 24 para 63. Segundo o Boletim do Mapa, 81% do patrimônio dos Fiagros estão alocados na modalidade Imobiliário. Cerca de 18% estão em direitos creditórios, e somente 1% em Participações.
O Ministério elabora um boletim mensal com o balanço destas emissões, com base em informações de várias entidades que registram as negociações com títulos privados, como a B3, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e o Banco Central.