A startup argentina ZoomAgri recebeu US$ 6 milhões, algo em torno de R$ 30 milhões, em uma rodada de aportes que envolveu a gigante australiana GrainCorp, que liderou a rodada junto com a GrainInnovate.
Além delas, a agtech recebeu dinheiro de uma parceria de capital de risco entre a Grains Research Development Corporation (GRDC) e a empresa de investimentos Artesian. Além delas, a SP Ventures reinvestiu na companhia.
Com essa nova rodada, o financiamento total da empresa, que atua com a análise e classificação de sementes e grãos com base em inteligência artificial, chegou próximo aos US$ 11 milhões.
Na última rodada, em 2021, havia captado US$ 3,3 milhões em uma rodada do tipo pré-seed.
Segundo o co-fundador e CEO da ZoomAgri, Fernando Martinez, a maior parte do investimento desta nova rodada será voltado ao Brasil, mercado que ele vê com grande potencial por conta dos grandes desafios logísticos e climáticos que impactam a qualidade das commodities, especialmente das culturas de soja e milho.
“Nos últimos meses desenvolvemos nossos produtos para as culturas de soja e trigo e, em breve, iremos também oferecer soluções para os agricultores de milho. Nossa tecnologia está tendo ótima receptividade no Brasil e agora vamos escalar rapidamente no país acelerando nossa área comercial e ampliando nosso time", afirmou Martinez.
Além disso, a empresa espera aumentar sua presença física com o novo dinheiro recebido nesse financiamento do tipo série-A. Atualmente, a agtech atende clientes em 25 países diferentes, incluindo o Brasil.
O financiamento também fará a ZoomAgri tirar seu GreenCard, já que planeja fazer incursões nos mercados de commodities norte-americanos nos próximos meses.
Com pressões cada vez maiores de órgãos reguladores e países europeus para que os alimentos sejam comprovadamente livres de desmatamento e cultivados em boas práticas, a necessidade de rastreabilidade se torna cada vez mais premente.
A solução oferecida pela ZoomAgri digitaliza os processos de inspeção e certificação de commodities agrícolas. O sistema da startup combina um scanner de hardware com inteligência artificial e visão computacional.
O produto da empresa, que parece uma impressora, abriga uma placa com diversos espaços, como se fosse uma cartela de remédios, onde são colocados os grãos. A tampa da estrutura é fechada e aí um computador, ligado ao produto, analisa em menos de um minuto os grãos colocados e gera um relatório preciso sobre a amostra.
Segundo o site da companhia, atualmente são monitorados grãos como cevada, trigo e soja. O financiamento também deve acelerar uma expansão para outras culturas.
A companhia possui dois produtos - o ZoomAgriOne, que detecta variedades dos grãos por meio de imagens capturadas por um computador e machine learning, e o ZoomAgriSpex, que faz uma classificação da qualidade desses grãos.
A ideia já atraiu clientes de peso como Cargill, ADM, Viterra, Cofco, LDC e ABInBev, que atualmente usam os serviços da agtech. A ZoomAgri possui um banco de dados de imagens com mais de 250 milhões de imagens individuais alimentando seus algoritmos.
Ao AgFunder News, veículo de comunicação do AgFunder, fundo de venture capital com foco em agtechs, o CEO da GrainCorp, Robert Spurway, que liderou essa rodada de investimentos, declarou que já está testando duas unidades há alguns anos para monitorar a qualidade da cevada.
“A startup desenvolveu protótipos avançados durante os últimos três anos para testes de variedade e determinação de qualidade física, e nosso investimento apoiará mais desenvolvimento de produtos em novas commodities”, disse.