Num intervalo de quase três anos, entre 2018 e 2020, Rich Wurden teve uma transformação de carreira curiosa. De engenheiro sênior na Tesla, fabricante de carros elétricos do bilionário Elon Musk, virou empreendedor e fundador de uma agtech.
Junto com o ex-líder de produtos da Proofpoint, Kenny Lee, Wurden fundou uma empresa chamada Aigen, que pretende reduzir o uso de pesticidas no controle às ervas daninhas na agricultura.
A expertise de engenharia de Rich, que foi absorvida ao longo das aulas de engenharia mecânica na Universidade de Washington, estão presentes em ambas as experiências profissionais.
Se na Tesla ele ajudava a desenvolver os carros elétricos com funcionalidades autônomas, agora sua empresa Aigen está fabricando um robô autônomo, o Aigen Element, que circula sobre terras agrícolas usando um sistema avançado de visão computacional para distinguir as plantas produtivas de invasores indesejados. Além disso, é movido por energia solar e eólica.
Esse robô de cerca de um metro de altura, que mais parece uma prancheta sobre pneus, dirige sozinho numa velocidade de três quilômetros por hora nas terras agrícolas.
Pequenos braços robóticos de dois eixos, posicionados perto do solo, permitem ao Element tirar as ervas daninhas do caminho, onde elas secarão antes que possam produzir sementes e se espalhar.
Além do sistema de energia solar, as baterias de fosfato e de ferro e lítio, proporcionam autonomia para que o robô trabalhe continuamente por 12 a 14 horas.
Com isso, o veículo funciona também no escuro por cerca de quatro horas, ou seis horas em chuva leve a moderada - tudo sem as emissões de gases.
Somado a isso, existe um aspecto pessoal na ideia da startup. Um artigo da CNBC afirmou que tanto os fundadores Wurden e Lee quanto os outros 15 funcionários da empresa já tiveram problemas de saúde associados à exposição a pesticidas.
Wurden, que atua como CTO da Aigen, vem de uma família de fazendeiros que cultivavam beterraba no estado americano de Minnesota e que agora plantam sorgo e soja.
“Meu pâncreas parou de produzir insulina quando eu tinha 15 anos de repente”, disse ele à CNBC. Ele sempre suspeitou que a exposição a pesticidas, que está associada a um maior risco de diabetes, fosse uma das razões para tal.
Como diabético tipo 1, ele vive com uma bomba de insulina e com a saúde ambiental em mente todos os dias desde o diagnóstico.
Antes de se tornar um empresário, Wurden trabalhou como engenheiro mecânico e em tecnologia de baterias na Tesla, participando nos projetos dos veículos Modelo 3 e Y e no carro-chefe da empresa de Musk, o Modelo S.
A Aigen foi sua segunda empresa. Ele já havia se juntado a uma startup de barcos elétricos chamada Pure Watercraft, onde tomou gosto pelo empreendedorismo.
No próximo ano, a empresa quer dar escala ao projeto e conseguir construir e trazer mais robôs para os agricultores, bem como personalizações para cada cultura.
Nesse processo de adaptar os robôs, existe uma demanda dos agricultores de uma máquina capaz de identificar exatamente quando e onde os insetos estão aparecendo para poder eliminar aqueles que oferecem risco, por exemplo.
Eles também pretendem que os robôs façam análises relacionadas à situação hídrica das lavouras, informando se as plantas estão recebendo água suficiente e identificando áreas que necessitam irrigação.
Para esse movimento, a Aigen levantou cerca de US$ 7 milhões em uma rodada de captação, além de recursos adicionais do estado de Idaho, um dos polos agrícolas dos EUA, para desenvolver seu sistema.
Entre os investidores estão fundos de capital de risco com foco em startups de estágio inicial e empresas com foco em tecnologia e clima. Na lista estão a NEA, Global Founders, Regen Ventures, Bessemer, Climate Tech VC e a Cleveland Ave.