Agora não são apenas aves silvestres, mas também um criatório de subsistência no Espírito Santo, que teve o diagnóstico de gripe aviária confirmado, o que só reforça as preocupações do setor.
A ocorrência foi em uma propriedade do município de Serra, em que se criava "pato, ganso, marreco e galinha”, conforme comunicado do Ministério da Agricultura – uma realidade ainda muito distante das gigantescas estruturas industriais de criação de aves destinadas às exportações.
"Mas é claro que a situação segue preocupando, continuamos em estado de alerta”, disse ao AgFeed o diretor de mercado da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal), Luís Rua.
Esse foi o primeiro foco detectado em aves domésticas em criação de subsistência desde a entrada do vírus no Brasil, no dia 15 de maio.
Rua lembra, porém, que de acordo com as regras da Organização Mundial de Saúde Animal, a ocorrência de focos em aves de subsistência, consideradas de “fundo de quintal”, não traz restrições ao comércio internacional. Portanto, o Brasil “segue sendo considerado um país com status de livre de influenza aviária".
O Brasil conta com 50 focos da doença detectados em aves silvestres, nos estados do Espírito Santo, Bahia, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo, segundo o comunicado do Ministério da Agricultura.
"Mas todos foram em áreas litorâneas, ainda bem distantes dos principais centros em que estão as granjas comerciais", destaca o diretor da ABPA.
Luís Rua diz que as fortes medidas de controle que vêm sendo estabelecidas pelas autoridades sanitárias e pelas empresas estão ajudando a evitar que o problema chegue as granjas comerciais.
"Na maioria dos países, duas semanas depois do registro em aves silvestres, a doença chegou nas granjas, e aqui está sendo bem diferente, estamos sendo transparentes e o mercado internacional está reconhecendo isso", afirmou.
Mercados mantidos
Nesta quarta-feira, o Japão informou a suspensão temporária da compra de carne de frango do Espírito Santo, após a notícia do registro em ave doméstica.
Porém, segundo a ABPA, além dos capixabas não exportarem atualmente para os japoneses, o estado representa apenas 0,19% do total das exportações de carne de frango do Brasil.
Neste cenário, as exportações brasileiras acumulam alta de 9,5% em volume embarcado.
"No mês de junho, tudo indica que exportaremos mais de 400 mil toneladas de carne de frango, volume próximo do mesmo mês de 2022, que foi um pico de vendas”, estima Rua.
De qualquer forma, o setor se agiliza para minimizar embargos e interrupção nas exportações caso o registro venha a ocorrer em granjas comerciais.
A ABPA e o governo brasileiro estão procurando os principais países compradores para negociar os certificados internacionais, pleiteando uma “regionalização", modelo que o Japão adotou ao divulgar esta decisão somente relacionada ao estado do Espírito Santo.
Na prática, se um caso em granja comercial vier a ser confirmado em uma granja comercial do Espírito Santo, por exemplo, a área poderia ser isolada, não interferindo nas exportações de estados que se destacam na atividade, como Paraná e Santa Catarina.
"Alguns já aceitam a regionalização, outros estão avaliando e talvez determinados países façam essa avaliação só se o problema realmente ocorrer”, afirmou.
A expectativa é otimista, segundo Ruas, porque alguns mercados como a Coreia do Sul, por exemplo, compram 80% do frango que consomem do Brasil, o que torna difícil a busca de outros fornecedores.