Bill Gates, o bilionário fundador da Microsoft, é agro. Apontado como um dos maiores proprietários de terras agricultáveis dos Estados Unidos, ele teria adquirido, nos últimos anos, mais de 110 mil hectares em propriedades rurais em diferentes estados americanos.

Seus investimentos no setor não param. A mais recente cartada é a criação da Rize, uma joint venture do seu fundo Breakthrough Energy Ventures com a Temasek, gestora de Cingapura com cerca de US$ 400 milhões em ativos, e as organizações Wavemaker Impact e GenZero.

Com sede no país do sudeste asiático, a startup tem como objetivo criar uma plataforma de soluções para descarbonizar o cultivo de arroz na Ásia.

Na semana passada, a Rize anunciou o início oficial de suas operações, com a contratação de Dhruv Sawhney, veterano executivo e empreendedor de agtechs na Índia, para ser o CEO.

Segundo alimento mais consumido no mundo, o arroz é também uma das principais fontes de emissão de gases de efeito estufa na agricultura.

“A tecnologia existe para descarbonizar o cultivo de arroz, mas exige que os agricultores mudem seu comportamento”, disse Sawhney em comunicado.

A empresa terá como foco inicial a produção de arroz na Indonésia e no Vietnã, onde já possui equipes operando e pilotos em execução em cerca de 2 mil hectares.

O objetivo é encontrar ou desenvolver modelos econômicos que incentivem a adoção de sistemas sustentáveis de cultivo em cada região.

“Cerca de 90% do cultivo de arroz na Ásia é feito por pequenos produtores, por isso é imperativo que encontremos soluções locais para encarar o desafio das mudanças climáticas”, afirmou, em comunicado, Marie Cheong, que representa a Wavemaker Impact no conselho da Rize.

O desafio está nãs mãos de Sawhney, que tem em seu currículo a fundação da startup de cadeia de suprimentos Wotu Technologies (adquirida pela Zomato) e mais recentemente foi COO da Nurture.farm, com sede na Índia.

Criado por Gates em 2015, o Breakthrough Energy Ventures conta com recursos de um grupo de investidores que inclui Jeff Bezos (dono da Amazon), Mark Zuckerberg (criador do Facebook) e Jack Ma (bilionário chinês controlador do grupo Alibaba), entre outros. Através dele, o bilionário já investiu em uma série de startups com foco no desenvolvimento soluções para redução dos impactos da agropecuária e também o desenvolvimento dos pequenos produtores, sobretudo no continente africano.

Entre as investidas estão a Pivot Bio, de biofertilizantes, Apeel e Cambridge Crops, que produzem revestimentos para aumentar a validade de produtos perecíveis como frutas, ou a Kernza, que desenvolve variedades de trigo dotadas de raízes mais longas, podem estocar uma quantidade maior de carbono no solo.

“Não vão descobrir uma bala de prata capaz de acabar com as mudanças climáticas. Com sorte, essas e outras inovações vão reduzir as emissões causadas pela agricultura o suficiente para evitar o pior”, escreveu ele, há alguns anos, em seu blog Gates Notes.