Apesar de mais entregas de produtos, a gigante norueguesa de fertilizantes Yara, apresentou resultados do primeiro trimestre deste ano bem abaixo do que anotou no mesmo período em 2023.

A empresa reportou um lucro líquido de US$ 16 milhões, resultado 85% menor do que os US$ 105 milhões de um ano antes. A receita líquida caiu quase US$ 1 bilhão de um ano para o outro, e encerrou os três primeiros meses de 2024 em US$ 3,3 bilhões. No ano passado, foram US$ 4,1 bilhões.

“Os resultados deste trimestre são inferiores aos do mesmo trimestre do ano passado, uma vez que o aumento das entregas é compensado por preços mais baixos”, resumiu, em nota, o CEO da Yara, Svein Tore Holsether.

No trimestre, a Yara entregou 7,2 milhões de toneladas de produtos, que englobam amônia, fertilizantes e “outros produtos industriais”. O montante é 10% maior do que o vendido entre janeiro e março de 2023. Só em fertilizantes foram 5,3 milhões de toneladas, avanço de 13% frente ao ano anterior.

A empresa destacou que na Europa, as entregas de fertilizantes avançaram 37%, refletindo um “nível mais baixo de restrições, com economia de produção melhorada e recuperação de volume, apesar da volatilidade de preços e desafios climáticos”.

Nas Américas, contudo, as entregas de produtos recuaram 10% na comparação anual. De acordo com a Yara, houve uma demanda menor por NPK por conta da entressafra, principalmente no Brasil.

Neste cenário, o lucro operacional medido pelo Ebitda das Américas foi 31% menor que no mesmo trimestre do ano anterior, e atingiu US$ 171 milhões.

A Yara ainda pontuou que vê uma forte demanda por ureia no mercado, principalmente por um aumento de produção na Índia e na China. Tanto que, enquanto foram produzidas 830 mil toneladas do produto no primeiro trimestre de 2023, manufaturou 1,5 milhão de toneladas nos três primeiros meses de 2024.

“As importações de ureia pela Europa atingiram um máximo histórico na última temporada e representam atualmente quase um terço do total das importações de ureia para a UE”, pontuou o CEO da Yara, em nota.

Ele acrescentou que a Rússia está “ganhando influência no mercado”, e que isso pode prejudicar uma transição verde e também colocar em perigo a indústria europeia.

O cenário difícil encontrado pela Yara havia sido sinalizado nos resultados finais de 2023. Não é novidade para ninguém que o mercado de insumos agrícolas está passando por um momento difícil.

Tanto que distribuidores e fabricantes apresentaram números piores em 2023, na comparação com 2022.

No ano passado, a Yara teve um recuo de 35% no faturamento anual quando comparado ao ano anterior. Foram R$ 15,5 bilhões em receita no acumulado dos doze meses. A questão é que a primeira impressão de 2024 ainda não é das melhores para a gigante norueguesa.