A capixaba Frisa se proclama dona do CNPJ mais antigo para um frigorífico em atividade no País. E, desde os seus primórdios, sempre teve um pé no Brasil e outro fora.
Poucos anos depois de sua fundação, em 1968, a empresa fez seu primeiro embarque de carne para a Europa. Foi em 1974 que a primeira carga de carne congelada saiu de Colatina (ES), onde fica sua sede, rumo a Vitória, capital do estado, em caminhões-baú que desfilaram pela cidade. De lá, o navio cargueiro Penélope II levou a encomenda até a Grécia.
Cinco décadas depois, a companhia figura entre os 10 maiores frigoríficos do País e, depois de faturar pouco mais de R$ 3 bilhões em 2024, prevê um crescimento de 30% para 2025, atingindo R$ 4 bilhões.
A exportação continua sendo protagonista no negócio, segundo afirmou Marcos Pereira, diretor de originação e relações institucionais da empresa, durante palestra no GAFFFF 2025.
Hoje, 60% da receita da empresa vêm de vendas para fora, que chegam a mais de 60 países. Os principais destinos são China, Estados Unidos, Argélia e Emirados Árabes, mas seus produtos também chegam a países da América Latina, como Chile e Uruguai.
Em meio a um cenário mais complexo de oferta de boi fora do País, Pereira ressaltou que a vertente deve continuar a ganhar destaque na Frisa. “Enxergo o mercado externo complementando o interno. Em nível global, com o menor rebanho do mundo em muito tempo, a exportação vai ‘segurar a bola’ e dar sustentabilidade ao mercado do boi, e não o mercado interno”, disse.
Nas contas de Pereira, haverá, no País, uma redução do consumo de carne bovina per capita de cinco quilos, cerca de 20% de queda frente a 2024, mas fartamente compensada pelo apetite externo.
Além dessa perspectiva de mercado internacional aquecido, o aumento de faturamento deve ser ancorado por um investimento feito pela empresa, de R$ 60 milhões, no último ano. O montante foi utilizado na melhoria industrial, incluindo na automação de processos.
O negócio da Frisa tem um perfil integrado e verticalizado. “Temos agropecuária, parte industrial e comércio de carnes”, afirmou o diretor.
Na originação dos bois, são três confinamentos próprios que, juntos, somam uma capacidade de abate próxima dos 160 mil animais por ano.
A parte fabril conta com três frigoríficos, uma em Colatina, outra em Nanuque (MG) e a terceira em Teixeira de Freitas (BA). São processadas 702 toneladas de carne por dia, superior a 250 mil toneladas por ano.
A produção tem foco em processados como hambúrgueres, bacon e enlatados. Marcos Pereira cita que só na unidade de Colatina são produzidas mais de 100 toneladas de hambúrguer por dia.
A companhia ainda conta com um negócio de venda direta, com 10 lojas próprias que vendem mais de 160 toneladas por mês.
“Foi uma forma que encontramos de levar os produtos diferentes para o consumidor. As lojas deixaram de ser açougue, viraram boutiques e hoje são lojas de conveniência”, resumiu o diretor.
Resumo
- Frigorífico capixaba Frisa prevê faturar R$ 4 bilhões em 2025, alta de 30% frente ao ano anterior
- Exportações representam 60% da receita, com vendas para mais de 60 países, incluindo China, EUA e Emirados Árabes
- Com perfil integrado, empresa investiu R$ 60 milhões na indústria e tem produção anual superior a 250 mil toneladas