Quando o assunto é logística no Brasil, é impossível colocar o Grupo Simpar fora da discussão. Dono de empresas como JSL e Movida, a empresa atua no agro desde sua fundação e com uma atuação diversificada.

A Vamos, que atua no mercado de locação e venda de caminhões, máquinas e equipamentos, é outra empresa dessa gama. A subsidiária da holding nasceu em 2015 para centralizar e expandir negócios da JSL de locação, concessionárias e lojas de veículos seminovos e veículos pesados.

Em 2017, com a compra da Borgato, o grupo passou a atuar no mercado de máquinas agrícolas. Em 2021, abriu capital na B3.
Desde então, a empresa atua de forma dupla, tanto vendendo quanto locando máquinas e caminhões para o agro e outros setores.

Historicamente, a empresa estima que 30% de todo seu faturamento é originado no setor. Essa receita, que não é tímida, atingiu R$ 6 bilhões em 2023, avanço de 23,9% frente a 2022. Se considerarmos, portanto, 30% deste total, falamos em quase R$ 2 bilhões originados só com atividade agrícola.

Em balanço divulgado nesta segunda-feira, 6 de maio, a empresa informou que fechou o primeiro trimestre do ano com um faturamento líquido de R$ 1,7 bilhão, em linha com o ano anterior. Já o lucro líquido consolidado foi de R$ 183 milhões no trimestre, 8,2% acima do visto no ano passado.

Em termos operacionais, o CEO da Vamos, Gustavo Couto, destacou, em entrevista ao AgFeed, que tem visto um movimento de recuperação do mercado de máquinas agrícolas, que encerrou o ano passado em baixa.

De acordo com dados da Anfavea, o Brasil vendeu 60,9 mil máquinas agrícolas em 2023. O volume representa uma queda de 13,2% em comparação com 2022.

Esse número se traduziu no faturamento da Vamos. Enquanto que em 2022, a empresa faturou R$ 1,5 bi com as concessionárias agrícolas, no ano passado essa receita baixou para cerca de R$ 940 milhões.

Analisando o ano completo de 2023 no detalhe, Couto detalha que o percentual da receita das concessionárias advindo das operações com vendas de máquinas agrícolas foi caindo ao longo do ano, acompanhando a queda do preço dos grãos no mercado internacional.

Enquanto no primeiro semestre 50% da receita com concessionárias veio das concessionárias agrícolas, no terceiro trimestre esse percentual baixou para 31% e no último trimestre atingiu apenas 9%.

Ou seja, enquanto no começo do ano passado metade das receitas com as concessionárias como um todo eram originadas nas lojas de máquinas agrícolas, no final do ano menos de 10% do arrecadado com as lojas vinha de veículos do agro.

2024, contudo, já trouxe números mais animadores quando falamos das concessionárias agrícolas da Vamos. No primeiro trimestre, da receita de R$ 671 milhões nas concessionárias, tanto de caminhões quanto de máquinas, Couto estima que 27% (algo em torno de R$ 181 milhões) vêm de maquinário agrícola.

“Ainda prefiro ser conservador nas projeções para o ano em relação às concessionárias, mas já percebo que as medidas que tomamos internamente estão dando resultado. Prevejo que 2024 seja um ano melhor do que 2023”, afirmou o CEO.

Ele conta que, no segundo semestre do ano passado, a Vamos suspendeu a compra de novas máquinas para normalizar os estoques. “Toda a cadeia estava com estoques acima, tanto que alguns fabricantes suspenderam operações”.

Ao AgFeed, Couto também destacou que a empresa encerrou o primeiro trimestre com R$ 1,8 bilhão em Capex Implantado. O indicador mostra os investimentos da empresa que já se traduziram em entregas aos clientes.

Gustavo Couto afirmou que o número, que é recorde e 36,2% acima do visto no primeiro trimestre do ano passado na Vamos, tem uma participação importante do setor sucroenergético.

Segundo o executivo, as empresas do setor já estão se preparando para a nova safra recebendo caminhões e máquinas.
A empresa possui uma atuação nacional no agro e, no ano passado, ampliou seu mercado em um dos principais estados brasileiros produtores de grãos.

Em abril de 2023, adquiriu a DHL Tratores, no Paraná, por R$ 120 milhões (incluindo dívidas). A compra colocou seis lojas da Valtra no portfólio da empresa, além de colocar a Vamos como concessionária exclusiva da Fendt em algumas regiões do estado.

Couto ressaltou que a empresa sempre analisa oportunidades de mercado como essa, mas entende que o momento atual é de consolidação dessas compras. “Se considerarmos os principais estados produtores do país - Mato Grosso, Paraná e Goiás -, já temos participação em todos. Existem novas regiões potenciais, mas agora é hora de consolidar nossa posição onde já estamos”, afirmou.

Atualmente, são 34 concessionárias agrícolas próprias das marcas Valtra e Fendt, 18 de caminhões e ônibus Volkswagen das marcas Transrio e Tietê Veículos, 6 de equipamentos linha amarela da Komatsu e quatro lojas da HM Empilhadeiras. Hoje, a Vamos é a maior concessionária das marcas da AGCO na América Latina.

Locação em alta

Na foto do momento, a Vamos vê o negócio de locação ganhando cada vez mais espaço no mercado, seja agrícola ou não. “Brinco que quem faz conta e paga imposto um dia será nosso cliente. Ele vê que faz sentido alugar. Um executivo que faz conta na ponta do lápis entende os benefícios da alocação e migra para esse modelo”, afirmou Gustavo Couto.

No segmento de locação, tanto para máquinas quanto para caminhões, ele conta que a empresa atende praticamente todos os setores do agro, com destaque para players do setor de açúcar e etanol e sementeiras, além de grandes grupos agrícolas.

Acompanhando as sequentes safras recordes de grãos como soja e milho no País, ele afirma que a empresa tem crescido no aluguel de caminhões para o transporte de commodities agrícolas.

“Dos 10 maiores grupos produtores do Brasil, nove são nossos clientes. Nos últimos três anos, convertemos mais dois grandes grupos para o modelo de locação”, conta.

Em 2023, a receita de locação cresceu 68,5% em relação a 2022, atingindo R$ 3,29 bilhões. No primeiro trimestre de 2024, a receita deste segmento atingiu R$ 979,3 milhões, alta de 21,6% frente aos mesmos meses de 2023.