A Comissão de Promoção e Defesa da Concorrência (Coprodec), órgão antitruste do Uruguai equivalente ao Cade no Brasil, acaba de barrar mais uma vez a venda de ativos uruguaios da Marfrig para a Minerva, informaram as companhias em fatos relevantes divulgados ao mercado no começo da manhã desta quarta-feira, dia 30 de outubro.

A operação não autorizada pela autoridade envolve a transferência de unidades de abate de bovinos em Colônia, Salto e San José, avaliadas em R$ 675 milhões, valor que está depositado em uma conta-garantia, segundo a Marfrig.

"Nos termos do respectivo contrato de compra e venda de ações relativos aos Ativos Uruguai, a obtenção da aprovação do CDPC é uma das condições necessárias para o fechamento da operação", informou a Marfrig.

Em comunicado, a Minerva disse que está avaliando os termos da decisão do órgão uruguaio, salientando que não é definitiva, e que deverá apresentar um recurso nos próximos dias. A companhia poderá também tentar apelar por outras vias judiciais e junto ao governo do Uruguai.

Em maio, o Coprodec, que é vinculado ao Ministério da Economia e das Finanças do Uruguai, já havia barrado a venda dos ativos da Marfrig à Minerva, que havia, então, apresentado um recurso.

Na ocasião, a autoridade antitruste disse que "a operação aumentaria o grau de concentração no mercado de gado para abate, enquanto a empresa concentrada alcançaria uma posição dominante, com poder de mercado para compra de gado para abate e com capacidade de afetar unilateralmente a concorrência efetiva nesse mercado.”

A Minerva possui operações no Uruguai desde 2011, quando adquiriu o frigorífico Pul, por US$ 65 milhões à época.

Hoje, a companhia possui quatro frigoríficos no país, nas cidades de Melo, Canelones, Durazno e Montevidéu. Juntas, essas plantas têm capacidade de abate de 3,7 mil cabeças/dia. Se o negócio no Uruguai saísse, a capacidade subiria a 4,5 mil cabeças/dia.

A decisão do órgão não afeta a aquisição dos demais ativos da Marfrig no Brasil e em outros países da América do Sul como Argentina e Chile.

Em agosto do ano passado, a Minerva comprou 16 unidades da Marfrig por R$ 7,5 bilhões. No negócio, entraram 11 plantas no Brasil, três no Uruguai, uma na Argentina e outra no Chile.

Se a operação sair como planejado, a capacidade total de abate de bovinos chegaria a 42,4 mil cabeças/dia, crescendo aproximadamente 44% ante 29,5 mil cabeças abatidas, conforme divulgado pela Minerva no anúncio da compra.