A SLC Agrícola anunciou na manhã desta sexta-feira, 7 de março, a aquisição da Sierentz Agro, empresa que atua na produção de soja, milho e gado nas regiões Norte e Nordeste, por US$ 135 milhões (cerca de R$ 780 milhões no câmbio do dia).

Segundo comunicado encaminhado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a companhia vai começar a operar, a partir do dia 1º de julho, a área produtiva da Sierentz, que é toda arrendada de terceiros.

A Sierentz opera 96 mil hectares, que estão distribuídos entre os estados de Maranhão, com 68 mil hectares, Piauí, com 18 mil hectares, e Pará, com 10 mil hectares.

Desse total, segundo informa o comunicado da SLC, cerca de 33 mil hectares físicos “já possuem proposta vinculante para aquisição dos direitos de operação pela Terrus S.A.”, empresa de produção agrícola pertencente a Ricardo Faria, controlador das Granjas Faria.

Com isso, na hipótese de fechamento do negócio, “a operação deverá ser precedida de uma cisão parcial da Sierentz Agro Brasil Ltda., a ser viabilizada, procedidos os eventos contratuais acordados”.

O valor aproximado da transação com a Terrus, ainda conforme o comunicado, é de R$191,2 milhões, “mais ou menos o capital de giro”. “As máquinas e equipamentos pertinentes à operação dos 33 mil hectares físicos já estão inclusos no valor da transação”, informa o documento.

Com isso, a SLC Agrícola deve operar indiretamente 66 mil hectares físicos, somando potencial de plantio de 100 mil hectares.

Os contratos de arrendamento possuem um custo médio anual de 9,3 sacas de soja por hectare, com prazo médio de 13 anos.

Em dezembro, o AgFeed mostrou que a Sierentz cultiva cerca de 100 mil hectares de soja, 40 mil hectares de milho na segunda safra e ainda ao redor de 12 mil cabeças de gado no sistema integração lavoura-pecuária.

Toda a produção da Sierentez era destinada para exportação, via portos de Itaqui, no Maranhão, e Barcarena, no Pará.

A ideia da companhia da família Logemann é manter o plantio de soja e milho nas áreas administradas até então pela Sierentz e implantar algodão a partir do terceiro ano de produção.

O AgFeed já havia reportado que a Sierentz vinha fazendo testes com algodão, com 600 hectares dedicados à pluma na safra 2024/2025.

Com a nova operação, a SLC vai expandir em 13% a área plantada na safra 2024/2025.

A empresa também avaliou, no comunicado, que a aquisição fortalece a estratégia de diversificação geográfica do portfólio, diminuindo riscos climáticos.

A SLC pontuou ainda que, com a compra da Sierentz, a quantidade de áreas arrendadas aumentará e agora passa a representar 66,5% do total sob gestão da companhia.

A companhia dos Logemann já está presentes em cinco fazendas de Piauí e Maranhão e agora, com a adição da área da Sierentz, também chega ao Pará.

A aquisição segue a estratégia "asset light" adotada pela SLC Agrícola nos últimos anos. Em entrevista ao AgFeed em outubro passado, Aurélio pavinatto, CEO da companhia, explicou que a atual fase da empresa é de expansão através de arrendamentos, de forma a reduzir o nível de investimentos em imóvies rurais.

"A gente tem evitado comprar terra", disse ele na ocasião. "Não comprar terra é uma forma de conseguir crescer mais via arrendamentos. O foco é na eficiência".

A SLC projetava alcançar 736,9 mil hectares de área plantada nesta safra 2024/2025, volume que não considera as terras da aquisição anunciada nesta sexta-feira. Assim, com a nova aquisição, deve ultrapassar a marca dos 800 mil hectares cultivados.

De acordo com o comunicado divulgado pela SLC, a transação será paga em três parcelas, sendo 60% na data de fechamento da aquisição, outros 20% em 30 de abril de 2026 e 20% restantes em 30 de abril de 2027.

A transação ainda precisa ser aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), órgão de regulação do governo federal.

Raízes da Sierentz

A Sierentz Agro nasceu em 2017 a partir da compra da Agrinvest, arrendadora de terras do Maranhão. Na safra 2023/2024, havia faturado US$ 160 milhões, cerca de R$ 920 milhões na cotação atual.

A empresa tem raízes nas divisões societárias e familiares de uma das maiores tradings do mundo, a LDC.

Em 2009, após a morte de Robert Louis-Dreyfus, comandante da companhia até então e bisneto do fundador da LDC, Leopold Louis-Dreyfus, houve um período de divisão de ativos entre alguns herdeiros.

“Eram sete primos e irmãos que se separaram. Uma delas, a Dominique, saiu da LDC e levou algumas terras na Rússia e no Brasil, outros ativos imobiliários e uma trading de petróleo nos EUA. A partir daí nasceu a Sierentz”, afirmou o CEO da Sierentz, Cristophe Akli, ao AgFeed, em dezembro do ano passado.

A Sierentz vinha apostando bastante em tecnologia, especialmente no uso de inteligência artificial e de inserção de conectividade em suas áreas produtivas, numa parceria com a operadora TIM e a fabricante de máquinas agrícolas Case IH.

Na B3, os investidores da SLC receberam bem a aquisição no começo do pregão desta sexta-feira. Os papeis da companhia começaram o dia cotados a R$ 19,25, alta de 3,11%.