A Boa Safra Sementes anunciou nesta segunda-feira um investimento de R$ 450 mil na DaSoja Sementes. O montante é equivalente a 45% do capital social da empresa, e a Boa Safra comprará debêntures conversíveis em ações da Dasoja.

Ao analisar somente o montante, o negócio parece pequeno e corriqueiro, já que o valor é baixo comparado aos números trimestrais da compradora.

Para se ter uma ideia, o lucro líquido da Boa Safra no segundo trimestre deste ano foi de R$ 27 milhões, o suficiente para realizar um investimento como esse 60 vezes.

Apesar disso, a XP considerou o investimento como estratégico, principalmente levando em conta o caminho da empresa para consolidar o setor.

“O investimento anunciado é positivo, pois aumenta a diversificação do portfólio da Boa Safra, garantindo uma exposição a um fornecedor de germoplasma mais selecionado e com maior valor agregado, pertencente ao Grupo Don Mario”, comentou Leonardo Alencar, head de agro, alimentos e bebidas da XP, em relatório.

A DaSoja é uma empresa de sementes de soja fundada em 2013 que atua na região Norte, e conta com uma unidade de processamento de sementes e um armazenamento refrigerado no estado do Tocantins.

Além de possuir 36 variedades de sementes, a DaSoja também agrega valor através do tratamento industrial de sementes. Em 2020, a DaSoja se tornou multiplicadora de sementes do Grupo Don Mario (GDM).

Alencar, da XP, ainda ressaltou que o investimento garante uma exposição maior no Tocantins, o que diversifica a presença da Boa Safra e reduz a sazonalidade dos resultados.

Apesar disso, a falta de exposição e visibilidade sobre a saúde financeira da DaSoja torna a avaliação financeira difícil em termos de valuation. “Do lado positivo, a Boa Safra possui um balanço patrimonial forte e não vemos grandes efeitos negativos em sua alavancagem”, comentou.

O lucro de R$ 27 milhões apresentado pela companhia no segundo trimestre trouxe um avanço de 416% no indicador quando comparado ao mesmo período de 2022.

"A volatilidade do resultado da companhia no período está relacionada à antecipação da venda de grãos e outras sementes, que impactaram o lucro bruto e o líquido", disse a companhia no seu balanço.

Na avaliação dos analistas da Genial Investimentos, o principal destaque do segundo trimestre e do semestre da Boa Safra foi a evolução da carteira de pedidos, que atingiu R$ 1,2 bilhão, um montante 40% maior que em 2022, um recorde para a empresa.

"Isso sinaliza que o segundo semestre deste ano deve ser positivo para a empresa, porém deve ser impactado pela queda no preço da soja", afirmaram Antonio Cozman, Igor Guedes e Lucas Bonventi, da Genial.

A Boa Safra ainda reportou uma receita líquida de R$ 134,4 milhões, apresentando um crescimento de 7,3% frente ao ano anterior. O indicador foi impulsionado pela venda do estoque de grãos e a operação de milho.

Nesta segunda-feira, as ações da Boa Safra recuaram 3,70% na B3, e encerraram o pregão cotadas a R$ 13,28. No ano, os papéis avançam 30,2%. A empresa tem um valor de mercado estimado em R$ 1,6 bilhão.