Quando Weber Vaz de Melo, diretor comercial e industrial da cooperativa mineira Suinco, conversou com o AgFeed em julho de 2024, ele estava preocupado com a meta de faturamento estabelecida pela própria empresa para o ano: chegar ao R$ 1 bilhão.
Suas inquietações, relacionadas principalmente ao andamento de algumas obras de melhoria na parte industrial do negócio, se tornaram realidade.
Esta semana, em nova entrevista, ele mencionou que a Suinco fechou 2024 com um faturamento próximo aos R$ 900 milhões. O número trouxe, é verdade, um avanço de cerca de 12% na comparação com 2023 – mas bem abaixo dos 25% projetados.
“A minha preocupação acabou se concretizando, muito em função do término da construção de um segundo túnel de congelamento, que era para ter sido entregue há dois anos e ficou para junho de 2025”, explicou.
As obras vêm acumulando postergações desde a pandemia de Covid-19, que bagunçou a logística do mercado de ferro. Depois, as enchentes vistas no ano passado no Rio Grande do Sul atrasaram o recebimento de novos materiais, como paineis e câmeras.
Melo explica que hoje a cooperativa possui uma capacidade de abate de cerca de 2 mil cabeças de suínos por dia.
Com o túnel de congelamento saindo finalmente do papel, considerando a disponibilidade de matéria prima dos cooperados, a Suinco poderá abater até 4 mil cabeças.
“Dependo muito desse túnel para colocar a indústria rodando na capacidade máxima. Houve uma evolução em relação a 2024, com outros investimentos como uma linha de fatiados já na planta, mas sem esse equipamento não consigo aumentar a produção”, pontuou.
A Suinco estima que já investiu, desde 2017, R$ 160 milhões em melhoria de infraestrutura. No ano passado, Weber Vaz de Melo ainda citou um novo investimento, de R$ 110 milhões, para automatização da fábrica.
Para chegar de vez ao primeiro bilhão faturado neste ano, a Suinco também está buscando acelerar no mercado de exportação.
Entre janeiro e fevereiro, a cooperativa com sede em Patos de Minas (MG) embarcou 250 toneladas de carne suína para fora do País, um avanço de 300% em comparação ao início de 2024.
De acordo com números da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), no Brasil como um todo houve crescimento de 6,4% do volume embarcado de carne suína em janeiro.
Para Melo, esse avanço acima do mercado aconteceu pelo fato de a companhia ter sido certificada para exportar para as Filipinas e Singapura. Ele acredita que esses países trazem oportunidades, pois possuem um poder de compra maior na comparação com mercados externos que a Suinco já acessava.
“Nos últimos sete anos conquistamos mercados como Uruguai e Argentina, mas ficamos restritos na exportação por serem países que não pagam tão bem quanto outros. Então, no ano passado, exportamos uma faixa de cinco contêineres por mês”, disse.
Melo cita que já possui toda a documentação para aprovar vendas para China, Rússia e Ucrânia, países que, segundo ele, pagam ainda melhor do que Filipinas e Singapura.
No “sonho” de Weber Vaz de Melo, a companhia pode encerrar o ano com as obras do túnel de congelamento pronto e essas aprovações conquistadas.
Esse alinhar de astros pode trazer a produção diária da indústria saltar para as 4 mil cabeças, o que ainda pode aumentar para 4,5 mil caso novos projetos de expansão sejam aprovados. A matéria-prima já existe para tal.
O abate de 4 mil cabeças por dia traz uma produção mensal aproximada de 10 mil toneladas e, num cenário de conquista desses novos mercados, a Suinco se vê vendendo para fora 4 mil toneladas mensais.
“Esse é um sonho. Com o túnel atual estamos amarrados, não saímos do lugar em termos produtivos. Com a entrega em junho e o mês de julho rodando testes, teremos cinco meses para crescer. Se atingirmos neste ano o R$ 1 bilhão em receita projetado no ano passado, ficará de bom tamanho”, afirmou o diretor.
Atualmente, 90% dos produtos da empresa são vendidos para o mercado interno e 10% para fora do País.
Hoje a Suinco possui mais de 10 mil clientes que incluem grandes grupos varejistas, como GPA (dona do Pão de Açúcar) e Carrefour. No Brasil, a empresa atua principalmente "de Goiás para a direita no mapa", segundo o executivo.
A intenção é ganhar mercado "para a esquerda", principalmente no Centro-Oeste e em estados como Amazonas, Pará e Acre.
A Suinco hoje possui 50 cooperados espalhados em 14 famílias. O perfil é variado, e conta com suinocultores que possuem de 500 até mais de 10 mil matrizes.