As companhias de insumos foram desafiadas ao longo de 2024 sob um mix negativo de preços e volumes de venda mais baixos, que impactaram negativamente todo o setor. Isso não foi diferente com a gigante dos fertilizantes Mosaic.
A empresa divulgou na noite de quinta-feira, dia 28 de fevereiro, os resultados do quarto trimestre de 2024 e também os números do acumulado do ano. Todas as principais linhas das demonstrações financeiras recuaram em ambos os recortes.
As vendas globais caíram de US$ 3,2 bilhões nos últimos meses de 2023 para US$ 2,8 bilhões no mesmo período do ano passado. No resultado de todo o ano, passaram de US$ 13,7 bilhões para US$ 11,1 bilhões.
O Ebtida (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortizaçaão) ajustado também recuou, saindo de US$ 646 milhões no quarto trimestre de 2023 para US$ 594 milhões no quarto trimestre de 2024. E no resultado geral do ano, de US$ 2,7 bilhões em 2023 para US$ 2,2 bilhões para 2024.
Como resultado, o lucro líquido teve quedas significativas. No trimestre, recuou de US$ 365 milhões para US$ 169 milhões. No acumulado do ano, o tombo foi ainda maior, passando de US$ 1,165 bilhão em 2023 para apenas US$ 175 milhões em 2024, redução de 85%.
Os números de 2024 refletem o impacto negativo, segundo a companhia, de itens não recorrentes, que totalizaram US$ 459 milhões, principalmente devido à perdas em transações de câmbio, parcialmente compensada por um ganho na venda da participação que a Mosaic tinha em uma joint-venture com a empresa saudita Ma'aden, operação que rendeu US$ 522 milhões à companhia.
Na divisão por segmento, o potássio registrou quedas de volume e de receita tanto no quarto trimestre de 2024, quanto no acumulado do ano. Entre outubro e dezembro, passou de 800 milhões de dólares para 600 milhões de dólares.
Já no ano, o resultado passou de US$ 3,2 bilhões para US$ 2,4 bilhões, refletindo preços mais baixos e volumes de vendas ligeiramente menores.
O volume de vendas recuou de 2,6 milhões de toneladas no quarto trimestre de 2023 para 2,2 milhões de toneladas no mesmo período do ano passado. No acumulado anual, foi de 8,9 milhões de toneladas em 2023 para 8,7 milhões em 2024.
No segmento de fosfato, houve um pequeno avanço na receita entre outubro e dezembro de 2024, que passou de US$ 1,1 bilhão para US$ 1,2 bilhão. Mas houve queda no resultado acumulado de 2024, passando de US$ 4,7 bilhões em 2023 para US$ 4,5 bilhões no ano passado.
O volume de vendas de fosfato se manteve estável em 1,6 milhão de toneladas no quarto trimestre e recuou de 7 milhões de toneladas em 2023 para 6,4 milhões em 2024. A Mosaic diz que o menor volume de vendas no ano foi parcialmente compensado por preços mais altos.
O segmento Mosaic Fertilizantes, por sua vez, registrou queda de receita nos dois recortes. No quarto trimestre de 2024, passou de US$ 1,2 bilhão para US$ 1,1 bilhão e, no ano, recuou de US$ 5,7 bilhões para US$ 4,4 bilhões.
As vendas, em volume, mantiveram-se estáveis no fim de 2024 na marca trimestral de 2,2 milhões de toneladas, enquanto no cômputo anual passaram de 9,7 milhões em 2023 para 9 milhões em 2024.
Nessa linha em específico, o ebtida ajustado foi de US$ 82 milhões no quarto trimestre de 2024, abaixo dos US$ 111 milhões do mesmo período de 2023.
A Mosaic destaca que o resultado reflete "forte desempenho operacional e de custos" e cita o Brasil para exemplificar a melhoria de custo.
A companhia diz que deixou de importar rocha fosfática e aumentou a sua própria produção de rocha a ser processada no Brasil, reduzindo custos de produção entre US$ 35 milhões a US$ 40 milhões por ano, com uma diminuição nas despesas de US$ 15 milhões já em 2024.
Mas a depreciação do real frente ao dólar afetou parte dessa redução dos custos. Houve um impacto negativo de US$ 35 milhões no ebtida ajustado.
A Mosaic explica que o segmento tem contas a pagar em dólares americanos e que foram inicialmente registradas em real sob um câmbio mais baixo e, posteriormnete, liquidadas já em condições piores de variação cambial – nos meses finais de 2024, a cotação superou constantemente a faixa dos R$ 6.
Depois de um 2024 difícil como pode se observar pelos números registrados ao longo do ano, o CEO da Mosaic, Bruce Bodine, disse esperar que 2025 seja um ano positivo para a companhia.
"Apesar de uma série de problemas operacionais e climáticos, que reduziram nossa produção de fosfato em mais de 700 mil toneladas e a produção de potássio em cerca de 250 mil toneladas em 2024, vemos sinais encorajadores de que entregaremos uma recuperação significativa de volume em fosfatos e potássio em 2025, à medida que progredimos em projetos para restaurar a confiabilidade", disse Bodine no comunicado de imprensa que trazia os números.
Para a melhoria dos resultados em 2025, Bodine também destacou as medidas de realocação de capital feitas pela companhia, citando um movimento recente feito no Brasil.
A empresa vendeu, em janeiro passado, uma mina de fosfato em Pato de Minas (MG) para a Fosfatados Centro por US$ 125 milhões. "Como resultado, a Mosaic está bem posicionada para se beneficiar da melhoria das condições de mercado em 2025", disse o CEO.
A expectativa da Mosaic é de que o volume de vendas de potássio no primeiro trimestre de 2025 gire entre 2,0 e 2,2 milhões de toneladas e, no ano de 2025, gire entre 7,2 milhões e 7,6 milhões de toneladas.
Para o fosfato, a projeção é de vendas entre 1,5 e 1,7 milhão de toneladas no começo do ano, chegando a um volume entre 8,7 milhões de toneladas e 9,1 milhões de toneladas.
Ao contrário do que aconteceu no fim de 2024, o câmbio não deve impactar significativamente os resultados da Mosaic Fertilizantes no período, na avaliação da companhia.
Em relação às perspectivas, a Mosaic espera que o mercado de fosfato permaneça apertado, sob contínuas restrições de ofertas e aumento de demanda.
Já o mercado de potássio está melhorando no curto e médio prazo, segundo a companhia – ainda que possa sofrer com a nova política comercial dos Estados Unidos, agora sob o comando de Donald Trump, que anunciou taxações contra países como Canadá, México e China.
"O impacto potencial das tarifas que podem ser impostas às exportações canadenses de potássio para os EUA é incerto, mas está claro que as tarifas, se cobradas conforme proposto originalmente, causariam interrupções significativas nos fluxos e na logística do comércio global de potássio", afirma a Mosaic.
"Espera-se que as tarifas exerçam mais pressão ascendente sobre os preços e que os agricultores dos EUA arcariam com o aumento de custos. Mesmo assim, prevemos que o potássio permaneceria acessível e a demanda permaneceria robusta na América do Norte e globalmente", acrescenta a companhia.