No balanço da gigante Mosaic, um sentimento dúbio. Se de um lado a empresa reverteu o prejuízo anotado no terceiro trimestre do ano passado em lucro neste ano. A receita, por sua vez, recuou na comparação anual.

A empresa vivenciou um cenário de queda nos preços de venda somada aos impactos dos eventos climáticos e encerrou o período com um lucro líquido de US$ 122 milhões e uma receita líquida de US$ 2,8 bilhões (21% a menos que no ano anterior).

O cenário de redução dos preços de venda de fertilizantes impactou especialmente no segmento de potássio, onde o valor médio por tonelada caiu de US$ 266 para US$ 215.

As vendas líquidas no segmento totalizaram US$ 526 milhões, abaixo dos US$ 720 milhões do ano anterior. No fosfato, a receita foi estável em $1 bilhão.

A manufatura dos dois produtos ainda foi parcialmente comprometida por furacões e problemas de fornecimento de energia em fábricas da empresa no Canadá. A Mosaic estima que reduziu as vendas de potássio em 250 mil toneladas no trimestre por conta disso.

“O mercado de fosfato deve continuar apertado até 2025, impulsionado pelas restrições de oferta e pelo aumento da demanda por fertilizantes, combustíveis e usos industriais”, disse a Mosaic em seu balanço.

A empresa afirmou que as exportações chinesas de fosfato nos primeiros nove meses de 2024 caíram 8%, ou mais de meio milhão de toneladas, em relação ao ano anterior. Apesar disso, a perspectiva de longo prazo continua favorável.

“As necessidades industriais da China continuarão a ser priorizadas em relação às exportações de fertilizantes”, avalia.

A operação brasileira (Mosaic Fertilizantes), registrou vendas de US$ 1,4 bilhão, levemente abaixo dos US$ 1,7 bilhão no mesmo período em 2023. A empresa apontou uma baixa de 14% no preço média de venda por aqui como principal causa no recuo.

Em termos de volume, também houve queda no Brasil. Foram 2,9 milhões de toneladas de julho a setembro ante 3,1 milhões de toneladas no período equivalente no ano passado.

A Mosaic avalia que com uma melhora nas condições climáticas por aqui, que deve minimizar atrasos no plantio da safrinha, pode ajudar a melhorar os resultados dos próximos meses.

Olhando para o próximo ano, a Mosaic avalia que grãos e oleaginosas podem ajudar nos resultados globais. Isso porque a empresa espera melhora nos preços da soja e milho e de outras culturas, o que deve “incentivar os agricultores a aplicar fertilizantes”.

Um rosto brasileiro na diretoria

A companhia ainda anunciou que trocará seu CFO. Clint Freeland, que está no cargo desde 2018, irá se aposentar e será substituído pelo brasileiro Luciano Pires, ex-CFO da Vale, que já fazia parte do conselho da Mosaic.

Pires assume no primeiro dia de janeiro de 2025. Em nota publicada junto ao balanço, o CEO da empresa, Bruce Bodine, elogiou a condição financeira deixada por Freeland e deu as boas vindas ao brasileiro.

"Meus colegas no Conselho de Administração da Mosaic e eu temos total confiança de que Luciano, a quem conhecemos bem por seus anos de serviço exemplar no conselho, continuará a impulsionar o sucesso enquanto buscamos a criação de valor para os acionistas".