A Assembleia Geral Extraordinária dos acionistas do grupo Minerva Foods, maior exportador de carnes da América do Sul, convocada para o próximo dia 29 de abril, ganhou ainda mais relevância depois de um comunicado divulgado ao mercado na noite da segunda-feira, 7 de abril.

No documento, a companhia informou que colocará em apreciação uma proposta para um aumento de capital de R$ 2 bilhões, que será feito com a emissão de 386.847.196 novas ações.

Os dois maiores acionistas – a holding VDQ, da família Vilela de Queiroz, e o fundo Salic, da Arábia saudita – já se comprometeram a participar do processo adquirindo metade desse novo lote.

O objetivo declarado da gestão da empresa é utilizar a injeção de capital novo para reforçar sua política de redução do endividamento, um dos pontos críticos da companhia na visão de investidores.

No ano passado, a dívida líquida da Minerva saltou quase 76%, fechando em R$ 15,6 bilhões, com uma alavancagem de 3,7 vezes na relação com o Ebitda ajustado.]

Grande parte da alta se deveu aos valores desembolsados na aquisição de 13 plantas que pertenciam à concorrente Marfrig no Brasil, na Argentina e no Chile, por R$ 5,7 bilhões - outras três unidades, localizadas no Uruguai, levariam o negócio a R$ 7,2bilhões, mas a Minerva ainda negocia a aprovação dessa transação pelas autoridades concorrenciais daquele país.

A intenção da empresa é levar esse endividamento para um patamar de 2,5 vezes em que se encontrava antes da transação com o Marfrig.

VDQ e Salic devem aportar até metade dos R$ 2 bilhões previstos. Nesse cenário, a holding da família Vilela de Queiroz injetaria R$ 700 milhões, o que elevaria sua participação na companhia de 23% para 26%.

Já o fundo Salic – que também é acionista da BRF – entraria com R$ 300 milhões e veria sua participação cair dos atuais 31% para cerca de 25%.

Na operação, as novas ações estão precificadas a R$ 5,17, correspondendo à média da cotação dos papeis da companhia nos últimos 60 dias. Isso significa um desconto de 20% sobre o fechamento da segunda-feira, que ficou em R$ 6,44.

A partir da abertura da prescrição, segundo o comunicado, cada acionista terá o prazo de 30 dias para exercer o direito de preferência na aquisição das novas ações, na proporção equivalente à sua participação atual.

O valor de mercado da Minerva está em R$ 3,9 bilhões. Assim, com um eventual sucesso da emissão, a diluição do capital pode chegar a 65% para os acionistas que decidirem não participar da operação.

Por isso, a direção da Minerva incluiu na proposta uma opção de compra futura, nos próximos três anos, de mais meia ação para cada uma adquirida e com o mesmo valor da operação atual.

Assim, investidores teriam um incentivo a mais para aderirem à proposta e a Minerva poderia ver ainda mais capital aportado em seu caixa.

Mas para que isso seja possível, os acionistas terão de aprovar na assembleia também uma mudança no estatuto social da companhia, já que o texto atual limita o aumento de capital à emissão de, no máximo, 710 milhões de ações ordinárias – caso, além da oferta inicial, os investidores exerçam as opções futuras, a emissão poderia ultrapassar esse total.

A proposta da companhia é elevar o limite para 1,291 bilhão de novas ações.