Para o maior frigorífico do Brasil, 2024 foi um ano para se colocar em um quadro. Além de os números trazerem cifras expressivas, o resultado também indica reforça a tendência de uma agenda positiva e de recuperação para a empresa da família Batista, após um 2023 para se esquecer.

A JBS encerrou 2024 com um lucro líquido de R$ 9,6 bilhões, revertendo prejuízo de R$ 1,1 bilhão em 2023. A receita líquida atingiu R$ 417 bilhões, uma alta de 15% em um ano - superando pela primeira vez a marca de R$ 400 bilhões e até mesmo as previsões da própria companhia, que estimou em R$ 412 bilhões no guidance divulgado com o balanço do terceiro trimestre.

O lucro operacional medido pelo Ebitda (lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação) foi de R$ 39 bilhões, mais que o dobro de 2023.

As boas notícias vieram de várias frentes. Na operação, por exemplo, o bom desempenho das subsidiárias Seara e da Pilgrim’s Pride refletiu o cenário positivo para proteínas de frango e suínos. Já na operação de bovinos no exterior, mesmo com a arroba do boi pressionando os preços nos EUA, a companhia conseguiu manter a rentabilidade.

“Corrigimos a rota dos negócios que estavam performando abaixo do potencial. Registramos em 2024 a segunda maior geração de caixa da história, impulsionados fortemente pelas operações de aves e suínos”, disse Gilberto Tomazoni, CEO global da JBS, em carta que acompanha o balanço divulgado nesta terça-feira, 25 de março.

Segundo Tomazoni, os resultados financeiros confirmam as perspectivas positivas da companhia para 2025. A companhia teve uma geração de caixa de R$ 13 bilhões, alta de 600% em um ano, e encerrou 2024 com R$ 35,6 bilhões em caixa.

A posição confortável em dezembro explica os movimentos recentes da empresa. Primeiro, a compra de 50% da Mantiqueira, colocando os pés no segmento de ovos. Depois, a emissão de US$ 1,75 em bonds por parte da JBS e em março, R$ 805 milhões em CRAs por parte da Seara.

A JBS ainda anunciou que irá investir US$ 200 milhões em duas plantas de bovinos nos EUA e se prepara para inaugurar novas fábricas no Oriente Médio. Por fim, também cita que “avançou no plano de investimentos na Nigéria”.

“No Brasil, estamos finalizando uma nova unidade de processamento de suínos e outra de alimentos preparados”, acrescentou a JBS.

A companhia ainda afirmou no balanço que irá propor a distribuição de R$ 4,4 bilhões em dividendos. Com a forte geração de caixa e avanço do Ebitda, a JBS ainda reduziu sua alavancagem de 4,4 vezes ao final de 2023 para 1,8 vez no fim do ano passado.

Ao final do ano passado, a dívida líquida estava num patamar de R$ 84 bilhões, ou US$ 13,6 bilhões, já que as captações estão atreladas à moeda americana. O montante é 11% menor em comparação a 2023.

Da receita de R$ 417 bilhões, R$ 131,3 bilhões vieram da operação de bovinos nos EUA. O número foi 13% maior em um ano, mesmo diante do ciclo do boi desfavorável à indústria por lá.

Ademais, a Pilgrim's faturou R$ 96,3 bilhões (alta de 11%), a Seara R$ 47 bilhões (avanço de 15%), a operação de suínos nos EUA (JBS USA Pork) somou R$ 43,8 bilhões (+14%) e a operação na Austrália arrecadou R$ 36 bilhões, número 16% maior em um ano.

Dentre as subsidiárias, o destaque positivo ficou com a Seara, que viu sua margem Ebitda saltar para 17,7% e o Ebitda para R$ 8,4 bilhões, uma alta de 366% em um ano.

“No Brasil, a Seara conquistou uma recuperação impressionante, alcançando margem de 19,8% no quarto trimestre. O negócio capturou valor das melhorias operacionais e comerciais implementadas ao longo do ano, mas ainda há espaço para mais, sobretudo na gestão de preços, mix e categorias premium”, disse Tomazoni no balanço.

A alta nas vendas mascarou uma alta também nos custos, que atingiram R$ 354,2 bilhões em 2024, avanço de 9,3% em um ano. Os custos representaram, contudo, 84,9% da receita líquida, uma melhora frente aos 89,1% da companhia.

As despesas operacionais, com vendas e administrativas, ainda comeram pouco mais de R$ 38 bilhões do resultado. Em 2024, o Capex total ultrapassou os R$ 8 bilhões, um crescimento de 7,9% em um ano.