“O adjuvante é o novo biológico”. Marcos Freire, Diretor de Transformação da holding Crop Care, que reúne investimentos do fundo Pátria Investimentos, primeiro ri da analogia. Depois explica.
“Hoje o hype é o mercado de insumos biológicos. Mas há três anos ele tinha o tamanho que o mercado de adjuvantes tem hoje. E o nível de adoção também era baixo. Apostamos nos biológicos lá atrás. E vamos apostar de novo agora”, diz ao AgFeed.
Os lances estão feitos e materializados, esta semana, na abertura da nova fábrica da Cromo Química para a produção dessa categoria de insumos químicos em Estrela, no Rio Grande do Sul.
Foram R$ 5 milhões investidos em um período curto – a companhia entrou para o portfólio da Crop Care em janeiro passado, com a aquisição do controle junto aos fundadores Josir Neuls e Fábio Queiroz, hoje sócios minoritários e ainda na gestão.
Um valor relativamente pequeno a se considerar o potencial que a Crop Care vislumbra para o mercado de adjuvantes e para a própria Cromo Química. Segundo Freire, a venda desses produtos cresce a uma taxa de 20% ao ano e movimentou R$ 2 bilhões no país em 2022.
Atualmente, os adjuvantes – produtos que são aplicados junto com defensivos químicos e tem como função aumentar a sua eficiência nas plantas – são apenas 3% do mercado de químicos, o que indica um nível de adoção muito baixo. Ou, na visão de Freire, “um mar de oportunidades”.
Para a Crop Care, a Cromo Química é vista como "um negócio muito promissor", segundo as palavras de Freire. A holding tem como meta faturar R$ 1,4 bilhão na safra 2024/2025 e vislumbra a empresa de adjuvantes com uma "participação relevante" nesse número.
“A Cromo Química é uma empresa com forte viés de inovação e qualidade”, diz Freire. A expansão da fábrica de Estrela é fundamental para que essa promessa se transforme em realidade.
Com o investimento na nova planta industrial, a capacidade de produção salta de 2 milhões para 5 milhões de litros ao ano. E, com mais produtos, é possível pensar em ir mais longe, pegando carona nas “primas” mais crescidas do grupo, a rede de revendas Lavoro e a fabricante de insumos biológicos Agrobiológica.
A Cromo Química tem boa presença no Sul do País, mas é quase desconhecida no Centro Oeste. A Crop Care acredita que isso pode representar uma boa oportunidade em ambas as regiões.
O Sul, afinal, é uma região ainda pouco explorada pelas outras empresas do grupo, que poderiam se beneficiar do conhecimento de mercado do time da Cromo Química. De outro lado, as prateleiras de 210 lojas da Lavoro devem garantir o porto de lançamento das caravelas da empresa gaúcha em estados como Goiás, Minas Gerais e Tocantins, em uma primeira fase.
“Uma das alavancas que vamos usar é o poder de vendas de defensivos da Lavoro”, explica Freire. “Vamos sempre tentar vender um pouco de adjuvante junto com o químico e gerar uma oferta mais completa ao produtor”.
Segundo ele, os ganhos projetados com essa estratégia chegariam a R$ 150 milhões em três anos.
Outros R$ 50 milhões poderiam vir da conexão com a Agrobiológica. As duas empresas já atuam juntas no desenvolvimento de um adjuvante que funcione em parceria com defensivos biológicos.
Os produtos existentes hoje são letais para os microorganismos que atuam na proteção dos cultivos. Freire diz que as parcerias já testam, em laboratório, alternativas com potencial de repetir, com os biológicos, o mesmo efeito observado com os químicos.
Seria uma grande inovação”, diz Freire. Segundo ele, se tudo correr bem, em 2024 já devem ser iniciados os testes de campo e um lançamento comercial poderia acontecer em até 12 meses. “Está muito quente. Se não fosse, não falaria”, completa Freire.
A Agrobiológica é uma espécie de modelo para a prima mais jovem. Assim como índice de adesão, tamanho de mercado e taxas de crescimento permitem uma comparação, também as margens obtidas com a venda dos produtos são igualmente tentadoras. “Nos adjuvantes, as margens também são muito boas”, diz Freire.