Em meio às pressões da indústria e incentivos para tornar o SAF (combustível sustentável de aviação) em uma realidade, duas multinacionais gigantes anunciaram uma “intenção de formar uma parceria estratégica” para produzir bioinsumos de baixo carbono.
De um lado a Corteva, uma das referências globais no mercado de sementes e defensivos. Do outro, a BP, multinacional britânica do mercado de energia e dona da BP Bioenergy. Só no último trimestre, as companhias somaram receitas de US$ 2,3 bilhões.
De acordo com o comunicado publicado nesta segunda-feira, 18 de novembro, pelas companhias, a ideia é formar uma joint-venture que entregue, até 2035, um milhão de toneladas métricas por ano de matérias-primas para a produção de SAF.
“Vários países ao redor do mundo têm, ou estão em processo de implementação, mandatos ou incentivos fiscais para promover a descarbonização do setor de aviação. Na UE, um mandato SAF começa em 2025, o que exigirá que o abastecimento de combustível nos aeroportos da UE contenha pelo menos 20% de SAF até 2035 e 70% até 2050”, justificou a Corteva, em nota.
O plano da empresa é contratar produtores nas Américas e Europa para cultivarem sementes de mostarda, girassol e canola para obter os produtos.
Além de introduzir novos sistemas de cultivo para produção de óleos que estejam de acordo com os critérios europeus, a Corteva vê um acréscimo de receita aos agricultores participantes.
Do lado da BP, a companhia entra com sua expertise de refino e de vendas com as empresas aéreas compradoras. Por meio de sua subsidiária BP Air, a empresa atende companhias aéreas comerciais, operadores de jatos privados, governos e forças armadas, além de aeroportos e serviços de aviação geral.
A expectativa é que os acordos sejam finalizados até 2025, com o projeto entrando em operação até o final do ano que vem.
"Esta parceria é uma prova positiva de que a agricultura pode continuar a ser parte da solução para as oportunidades de descarbonização do mundo, inclusive alavancando a tecnologia da Corteva, a escala global e os relacionamentos exclusivos com os produtores”, afirmou, em nota, o diretor de estratégia da Corteva, Brook Cunningham.
Emma Delaney, vice-presidente executiva de clientes e produtos da BP afirmou, também em nota, que vê a companhia bem posicionada para entregar valor para os clientes agregando valor com novas tecnologias.
A opção da BP de apostar mais fichas nos biocombustíveis ficou evidente também na decisão recente de adquirir a parte da Bunge em uma joint venture no setorm sucroenergético brasileiro.
A companhia pagou US$ 1,4 bilhão para ficar com o controle integral de 11 usinas de etanol em cinco estados brasileiros, com capacidade para moer 32 toneladas de cana. Com isso, a BP Bioenergy se posicionou como a segunda maior companhia sucroenergética do País.
Hoje a produção de SAF pode ser feita de oito maneiras, chamadas de “rotas de produção”. A lista de matérias primas possíveis conta com o etanol de cana ou milho, resíduos agrícolas e florestais, óleo de cozinha, óleos vegetais e sebo bovino.
Dessa forma a BP pode utilizar sua produção de etanol nacional para o mesmo fim que vislumbra com a Corteva.