Uma safra quase perfeita, com desempenhos positivos em praticamente todas as dimensões. Esse foi o resumo da apresentação dos resultados do período 2023/2024 apresentado nesta quarta-feira, 19 de junho, pelo CEO da Copersucar, Tomás Manzano.

Apesar de uma receita 22% menor – R$ 54 bilhões, contra R$ 69 bilhões registrados no ano-safra anterior – ele exibiu uma lista de indicadores operacionais positivos, puxados pelo ótimo desempenho dos canaviais e da área de produção de cana-de-açúcar nas usinas associadas ao grupo.

E, na linha mais importante do balanço, pode comemorar, pelo terceiro ciclo consecutivo, cifras na casa do bilhão. O Ebitda (resultado antes de juros, taxas e depreciações), indicador que apura o desempenho das operações, ficou em R$ 1,1 bilhão. O lucro líquido obtido foi de R$ 281 milhões.

A explicação para receita menor, segundo Manzano, vem de longe dos canaviais. Ele afirmou que ela está relacionada a uma queda importante nos preços de gás natural nos Estados Unidos, refletida no faturamento da subsidiária Eco-Energy, empresa que atua na compra e venda de combustíveis nos Estados Unidos.

O balanço consolida todas as operações do grupo, incluindo comercialização de combustíveis e energias renováveis.

Da mesma forma, a diferença entre Ebitda e lucro líquido tem justificativa conjuntural: os juros altos que incidem sobre o capital necessário para custear o intervalo existente entre a produção de açúcar e etanol e sua entrega.

De resto, adjetivos como “especial” e “excepcional” pontuaram as frases de Manzano ao comentar o ano vivido pela companhia. Ele começou lembrando que a safra encerrada em março passado marcou os 65 anos da Copersucar e os 15 anos de sua transformação em S/A.

E destacou que essas efemérides coincidiram com um ciclo em que as condições climáticas para o setor sucroenergético foram “perfeitas”, permitindo um crescimento de 100 milhões de toneladas no volume moído pelas usinas, que fechou o ano em 650 milhões de toneladas – 19% acima do ano anterior.

“Nossas usinas cooperadas tiveram um ano excepcional e atingiram um recorde de moagem, com 110 milhões de toneladas”, disse. Isso representa um aumento de 23%, acima, portanto, da média do setor.

“Os resultados são positivos quando vistos por todas as dimensões”, pontuou. “Produzimos mais açúcar, mais etanol e realizamos mais operações logósticas, superando os desafios que o ano impôs”.

Os números divulgados são de uma comercialização, pela Copersucar, de 13 milhões de toneladas de açúcar e 17 bilhões de litros de etanol.

O principal desses desafios foi, de acordo com Manzano, a volatilidade de preços dos dois principais produtos. No etanol, disse, o mercado “rompeu a lógica de preços”, fazendo com que o produto fosse comercializado a valores mais baixos durante todo o ano.

Normalmente, a tendência é uma depreciação nos períodos de safra, com valorização na entressafra, o que não aconteceu em função de fatores como o excesso de estoques e o comportamento do consumidor, que optou por um uso maior de gasolina.

No mercado de açúcar, em que os preços foram bem mais positivos, também houve volatilidade. Eles iniciaram a safra 2023/2024 mais altos, balizados por uma dúvida do mercado sobre a capacidade logística brasileira para lidar com supersafras simultâneas de açúcar e de grãos.

“Quando ficou claro que conseguiríamos equacionar essa questão, houve uma grande queda de preços, a maior desde 2011”, disse Manzano.

As cotações voltaram a se recuperar, entretanto, com a decisão da Índia de limitar exportações, protegendo seu mercado interno. “Foi um mercado muito volátil, a despeito de muito remunerador”, disse.

Manzano afirmou que a nova safra, 2024/2025, se inicia ainda dentro do processo de recuperação de preços para o açúcar, já em patamares sustentados.

Com as condições climáticas já não tão favoráveis, a probabilidade de novos recordes produtivos é pequena. Essa perspectiva, diz, deve influenciar os mercados, que estão ainda mais atentos a tudo o que acontece no Brasil.

“O nível de preço atual depende de que nada dê errado no Brasil. Qualquer coisa que aconteça por aqui pode resultar em altas significativas”, afirmou.