Mais plantas, mais capacidade de abate, mais gado a ser comprado. Para operar a pleno a nova estrutura operacional da companhia, ampliada após a aquisição de plantas que pertenciam à Marfrig, o grupo Minerva vai ao mercado captar mais recursos destinados à compra de animais e financiar sua cadeia agroindustrial.
Em comunicado enviado ao mercado no fim de semana, a companhia da famíilia Vilela de Queiroz informou ao mercado que fará uma emissão privada de debêntures com o objetivo de arrecadar até R$ 2,5 bilhões para este fim.
A captação será utilizada como base para a emissão de CRAs (Certificados de Recebíveis do Agronegócio), que serão vendidos a investidores. A Minerva busca levantar, no mínimo, R$ 2 bilhões.
Na prática, as debêntures são emitidas em nome da securitizadora Virgo, que, por sua vez, distribui os CRAs para agentes do mercado. Os títulos serão emitidos em cinco séries, sendo as duas primeiras com vencimento em cinco anos, a terceira e a quarta em sete anos e a última em 10 anos.
Os rendimentos ainda serão definidos no processo conhecido como Bookbuilding, em que os investidores indicam sua demanda pelos papeis e informam as taxas de juros que aceitariam receber.
No entanto, a Minerva estabeleceu alguns limites de remuneração. Na primeira série, o retorno será a taxa DI mais 104,5% ao ano, na segunda série, prefixada, o limite ficará a 15,70% ao ano ou na taxa DI mais 0,4%.
Na terceira série, o limite ficou com a taxa DI até 0,50% ao ano, enquanto que na quarta série, a remuneração máxima será de 15,70% ao ano ou uma taxa DI acrescida de 0,5% também ao ano.
Já na quinta série, com prazo de dez anos, o limite será 15,90% ao ano ou uma taxa DI acrescida de 0,85%. Serão emitidas duas milhões de debêntures da Minerva, todas com valor nominal unitário de R$ 1 mil.
Na semana passada, a Marfrig também havia anunciado que pretende emitir R$ 1,8 bilhão em debêntures lastreadas em CRAs para compra de bois, movimento semelhante ao da concorrente.
Além de reforçar as novas plantas adquiridas, no caso da Minerva, ambas as companhias estão reforçando o “estoque” de matérias-primas já prevendo uma virada do ciclo do boi no País. O mercado projeta que a disponibilidade de gado para as indústrias deve se retrair a partir deste ano.
Em entrevista exclusiva ao AgFeed na semana passada, o CFO da Minerva, Edison Ticle, disse que 2025 será de fato o ano da virada do ciclo. Apesar disso, espera um impacto não tão grande na rentabilidade da indústria.
Ele acredita que hoje, com uma taxa de fertilidade mais alta nas fêmeas, que subiu de 45% para 55% nos últimos anos, além de animais mais jovens e pesados, a produtividade compensa um pouco o preço.
“Você produz mais carne com menos cabeças de gado. Porque ainda que você pague mais no preço por arroba, você tem um animal que você desfruta melhor, você produz cortes melhores e maiores, mais pesados do que você tinha antes”, disse.