Em agosto, durante a tradicional festa de Nossa Senhora Achiropita, que movimenta a colônia italiana na cidade de São Paulo, a fabricante de alimentos Conserva Olé, mostrou que tem apetite. A empresa patrocinou a produção daquela que é tida como a maior bruschetta do mundo, de 60 metros.

Na receita, é claro, estavam tomates pelados produzidos pela companhia. “Nós tivemos uma barraca na festa, e vendemos cerca de 10 mil bruschettas”, diz Renata Auricchio, diretora executiva e neta do fundador da Olé, Angelo Auricchio.

“Isso para reforçar a nossa presença no segmento de food service, que tem se tornado muito importante na nossa estratégia”.

Os tomates são o molho da história recente da empresa. Nos últimos anos, a exemplo do que já acontece na Europa e nos Estados Unidos, o tomate pelado enlatado tem sido cada vez mais procurado por restaurantes e consumidores.

Com o aumento da demanda, o produto lançado há 11 anos pela empresa – que ´produz de ketchup a frutas em calda – tornou-se carro-chefe da Conservas Olé.

“Fomos buscar maquinário de ponta na Itália para produzir tomate pelado”, conta Renata. O investimento feito neste maquinário foi de 2,5 milhões de euros, cerca de R$ 13,5 milhões.

O consumo crescente nos restaurantes e em outros outros estabelecimentos comerciais de alimentos justificam a atenção ao chamado food service. Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (ABIA), o segmento foi responsável por comprar R$ 208 bilhões em produtos da indústria em 2022, um aumento superior a 10% ante 2021.

Esse posicionamento rendeu avanço na fatia de mercado da Olé em atomatados. No ano passado, a empresa cresceu 45% nesta linha de produtos, contando varejo e fornecimento para restaurantes.

A empresa estima que fechará 2023 com um crescimento de 20% no faturamento. Além disso, deve registrar um recorde na produção de tomates. Diferentemente da maioria dos concorrentes, a Olé conta com lavouras próprias ou arrenda terras para produtores que fornecem o produto.

Em 2023, deve colher 76 mil toneladas em 730 hectares plantados. No ano passado, foram 60 mil toneladas em 656 hectares.

“Nós já mapeamos as sementes que vamos usar no próximo ano, que são trazidas dos Estados Unidos”, conta a diretora da Olé.

Renata Auricchio afirma que apesar de outras grandes fabricantes terem tomate pelado em seus portfólios, a empresa consegue ter um preço mais acessível, sendo a única que consegue atingir as classes de renda C e D.

“Com a pandemia, houve uma grande consolidação na indústria, e abriu-se uma lacuna no segmento de rendas mais baixas. Como nós eliminamos os intermediários, conseguimos ser rentáveis com preços que atendem esse público”, diz a executiva.

“Nossos principais concorrentes em tomate pelado são os produtos originados da Itália, que possuem preço médio de 20% a 30% maiores, dependendo da região do Brasil”.

Na produção de tomate, a Olé tem terras arrendadas a produtores, muitos deles com 30 anos de parceria com a companhia.

“No mundo, a produtividade varia entre 90 e 110 toneladas por hectare. Aqui no Brasil, com o sistema de irrigação por gotejamento, alguns dos nossos produtores já conseguiram 130 toneladas por hectare”, diz.

Outra vantagem em relação à Itália é o clima. “Lá, a safra é quebrada por conta da neve no inverno. Aqui, a exigência é ficar atento ao manejo do solo, irrigação, fertilização. Mas a produção é constante”, afirma a diretora da Olé.

Com a verticalização, as unidades fabris da Olé precisam ficar perto dos produtores. A fábrica de atomatados fica em Espírito Santo do Pinhal, cidade do interior de São Paulo que fica a cerca de 200 quilômetros da capital.

“Nossos produtores estão a, no máximo, 90 quilômetros de distância. Depois de colhidos, os tomates precisam estar enlatados em até 18 horas”, explica.

Na produção de frutas em conserva, a dinâmica é igual. Na fabricação de pêssego em calda, a unidade fica em Pelotas, no Rio Grande do Sul, estado que é grande produtor da fruta.