A estratégia da 3tentos de dobrar de tamanho nos próximos anos e investir R$ 2 bilhões para isso ganhou um fôlego extra nesta semana. A empresa anunciou, por meio de ata da reunião do seu conselho de administração arquivada na CVM, que fechou um empréstimo de R$ 500 milhões junto ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

No documento, a empresa afirma que a contratação da Cédula de Crédito Bancário (CCB) sera destinada à implantação da usina de etanol em Porto Alegre do Norte (MT). A companhia havia anunciado no começo deste ano que iria construir a planta, que vai fabricar o biocombustível a partir do milho, na cidade.

Dos R$ 2 bilhões que a empresa da família Dumoncel se comprometeu a investir, metade iria para essa planta. Desse bilhão, 50% acabaram de ser captados.

A ideia é que a indústria conte com uma capacidade de produzir, diariamente, 935 mil litros de etanol, 587 toneladas de DDGS (farelo de milho) e 37 toneladas de óleo de milho. A previsão é que a operação comece em 2026.

O dinheiro captado com o BNDES possui um prazo de 180 meses e uma carência de dois anos, segundo a 3tentos. Como garantia, a companhia ofertou ao banco de desenvolvimento nacional um “aval de instituições financeiras de primeira linha”, além do imóvel que será construída a usina, avaliado pela empresa em R$ 3,4 milhões. Outros imóveis da companhia de origem gaúcha também entraram no rol de garantias.

Porto Alegre do Norte fica na região leste do Mato Grosso, conhecida como Vale do Araguaia. O plano de expansão da empresa para os próximos anos também envolve a criação de um “ecossistema de negócios” na região.

Além do bilhão para a construção da usina, o CFO da empresa, Cristiano Costa, detalhou no começo de 2024 que seriam mais R$ 280 milhões para a expansão de novas lojas, com o objetivo de chegar em 100 unidades até 2030 e R$ 480 milhões para a ampliação das atividades atuais da empresa. Outros R$ 200 milhões serão destinados ao Terminal de Mirituba, onde a empresa, junto com a Caramuru, irá operar por meio de uma joint venture.

O movimento também mostra um apetite do BNDES em financiar o agro brasileiro, principalmente em usinas de etanol. Há três semanas, o banco anunciou um empréstimo também de R$ 500 milhões para a cooperativa paranaense Coamo. Os recursos são provenientes do Fundo Clima, e serão utilizados também na construção de uma usina de etanol de milho.

Por lá, ao fim do projeto, que terá custo total de R$ 1,7 bilhão, a usina deve produzir 765 mil litros de etanol de milho diários, processando 1,7 mil toneladas do grão por dia.

Ainda em outubro, o BNDES liberou outro cheque, também de R$ 500 Milhões, para a usina de etanol de milho em Canarana (MT) da Alvorada Bioenergia, do grupo Agrícola Alvorada.

Assim como no caso da Coamo, os recursos virão do Fundo Clima. A projeção é que a unidade produza anualmente 222 mil metros cúbicos de etanol 147 mil toneladas de DDG e 8 mil toneladas de óleo bruto.

Em março, o BNDES anunciou que financiaria R$ 730 milhões para uma usina de etanol de trigo da gaúcha Be8. A empresa, que é a maior produtora de biodiesel do País, começou a erguer a fábrica localizada em Passo Fundo (RS), em agosto.

A estrutura vai ter capacidade de produção de 220 milhões de litros por ano e tem previsão de começar a operar em 2026. O projeto vai receber um investimento total de R$ 1 bilhão.

Já em junho, o banco aprovou um empréstimo de R$ 326 milhões para a J. Macêdo, empresa cearense do setor alimentício, construir uma nova planta industrial. Segundo nota do BNDES, o projeto vai implantar uma fábrica em Horizonte, cidade próxima da capital Fortaleza.