A BrasilAgro está aumentando a área plantada de cana, com o arrendamento de 7 mil hectares no interior de São Paulo e o objetivo de acessar também o mercado de açúcar.

Em fevereiro o AgFeed revelou a intenção da empresa de ter o “mix” ampliado no mercado da cana, já que até então suas operações com a cultura eram restritas a parcerias com usinas de etanol.

Segundo a empresa, o arrendamento da área localizada em Brotas, interior paulista, é um movimento de diversificação de receita. Essa é a primeira área da companhia no estado de São Paulo.

A BrasilAgro informou que a posse da fazenda vai ocorrer “de maneira escalonada”, com 5.060 hectares arrendados em 2024, e o restante até 2029.

Com isso, a área total de cana cultivada pela empresa subirá de 20 mil para 25 mil hectares na próxima safra. Será um aumento de 5% na área cultivada total da companhia, considerando todas as cultuas. Quando chegar aos 7 mil hectares de cana em Brotas, o investimento terá sido de R$ 70 milhões.

A cana da área arrendada será destinada a uma usina da região que atua na produção de açúcar e etanol, “o que otimiza o processo logístico e impacta também na redução de custos.”, disse a empresa.

O nome da usina não foi divulgado, mas o CFO da companhia, Gustavo Javier Lopez, informou que a operação na fazenda começou imediatamente, com o plantio de 900 hectares em área de soqueira.

No último ano, a empresa colheu 2 milhões de toneladas de cana, com uma produtividade média de 79,07 toneladas por hectare (tch).

O CFO da BrasilAgro, explicou que o objetivo é ter acesso a melhores margens e reduzir a volatilidade no mercado, já que açúcar e etanol se comportam de forma diferente. Ele calcula que a margem de contribuição deve ficar dentro do histórico que está entre R$ 2,5 mil e R$ 3 mil por hectare.

Ele lembrou que na safra passada houve recorde na produção de cana-de-açúcar e “uma sobreoferta de etanol”. Nesse cenário, a empresa já esperava que enfrentaria preços de etanol “estáveis ou deprimidos” e por isso vinha buscando parceiros que possibilitassem também a remuneração relacionada ao mercado de açúcar.

Nas áreas de cana que cultivava até então era remunerada pelo ATR de etanol anidro, atualmente de valor mais baixo, e agora acessa o ATR que tem “mix de açúcar”. Em ambos a empresa diz que recebe um prêmio sobre os valores praticados no Consecana e “com margens superiores aos grãos”.

“Seguiremos buscando outras usinas”, disse o CFO. Na área de Brotas não está prevista ampliação, os novos contratos, segundo ele, estão sendo buscados em outras regiões.
Atualmente, a BrasilAgro produz alimentos fibras e bioenergia em cinco estados brasileiros, além do Paraguai e da Bolívia.

“Com esta operação em São Paulo, seremos remunerados por um mix de etanol e açúcar, o que nos dará mais segurança e previsibilidade. O açúcar é uma commodity global, menos volátil que o etanol. Teremos a oportunidade de realizar hedge do açúcar ou do preço do ATR, o que nos protege frente as oscilações de mercado”, afirmou o CEO André Guillaumon, em comunicado divulgado pela empresa.