As dificuldades recentes da Raízen, que vem anunciando mudanças de rota para melhorar seus resultados, ganharam mais um elemento negativo nesta quinta-feira.

A agência de classificação de risco S&P Global informou que alterou sua perspectiva do rating de crédito de emissor da Ralzen na escala global de estável para negativa.

“A distribuidora de combustíveis e processadora brasileira de cana-de-açúcar Raízen S.A. apresentou alavancagem alta nos últimos trimestres, e projetamos que a dívida nominal permanecerá elevada em meio a consideráveis investimentos (capex) e carga de juros nos próximos 12 a 18 meses”, diz o comunicado divulgado pela agência.

O texto destaca que “os volumes mais fracos no negócio de cana-de-açúcar, somados a altos investimentos, taxas de juros e necessidades de capital de giro, resultaram em um índice de dívida sobre EBITDA de 3,0x nos 12 meses encerrados em 30 de setembro de 2024 e deve permanecer em 3,0x-3,5x até o final do ano fiscal de 2025, enquanto a geração de fluxo de caixa operacional livre (FOCF-free operating cosh flow) será negativa em mais de R$ 5 bilhões”.

Ainda assim, o rating de emissor da Raizen foi mantido em 'BBB' na escala global e 'brAAA' na Escala Nacional Brasil.

A agência também reafirmou os ratings de emissão 'BBB' das notas senior unsecured da Raizen Fuels Finance S.A. A perspectiva do rating na Escala Nacional Brasil permanece estável

A S&P diz ainda que a decisão de adotar a perspectiva negativa para o rating na escala global “reflete a possibilidade de um rebaixamento nos próximos 12 a 18 meses”. Isso deve ocorrer, segundo a agência, se a Raizen não reduzir sua alavancagem para a projeção de cerca de 2,5x no ano fiscal de 2026.

“Um rebaixamento também pode ocorrer devido a crescentes restrições de liquidez, dada uma geração de caixa menor do que o esperado, maior carga de juros e saldos de caixa ainda consideráveis, enfraquecendo sua capacidade de ser avaliada um nível acima de nossa avaliação de transferência e conversibilidade (T&C) do Brasil”, diz o comunicado.

A Raizen e sua controladora Cosan vêm enfrentando queda nas ações e desconfianças no mercado.

Em 16 de janeiro o empresário Rubens Ometto, dono do grupo, confirmou a venda de uma participação de 4,05% que a Cosan detinha na mineradora Vale, levantando um total de R$ 9,1 bilhões. Foi uma ação calculada para reduzir o endividamento da companhia e tentar animar os investidores.

Na Raízen, gigante do setor sucronergético, o ânimo não chegou tão forte. Com uma nova gestão desde novembro passado, a empresa está cercada de dúvidas sobre o ambicioso projeto de construção de plantas para produção de etanol de segunda geração (E2G) e sobre a necessidade de reduzir também sua alavancagem.