Pelos próximos 16 anos a BrasilAgro vai operar uma propriedade na região de Primavera do Leste (MT). Segundo comunicado enviado ao mercado na noite de terça (21), a companhia desembolsará R$ 36,4 milhões na compra da Companhia Agrícola Novo Horizonte, que, dentre outros ativos, possui um contrato de arrendamento de 4,7 mil hectares no município.

Ana Paula Zerbinati, head de relações com investidores e mercado de capitais da BrasilAgro explicou que, apesar de ser uma transação corriqueira dentro da BrasilAgro, a empresa arrendou uma “área nobre” dentro do universo do agro. “Primavera do Leste está no ‘Soybealt’ do Brasil, uma região consolidada na produção de grãos”, afirmou.

A BrasilAgro ainda não possuía nenhuma operação nesta região, já que a empresa tem por estratégia adquirir, seja via compra ou arrendamento, áreas com apetite para transformação. Tanto que, no mato Grosso, a empresa concentra suas atividades na região do Vale do Araguaia, na porção leste do estado.

A região das terras da Novo Horizonte foi um fator fundamental para a BrasilAgro tomar a decisão de compra.
Segundo Zerbinati, a região do entorno de Primavera do Leste possui uma boa estrutura para escoamento de grãos e para beneficiamento do algodão. “Era uma região que fazia sentido para nós ter no portfólio, dentro da estratégia de arrendamento”, disse Zerbinati.

A expectativa da BrasilAgro é operar a nova área já na próxima safra. No plantio de verão, a ideia é cultivar soja em toda área irrigada (670 hectares) e em quase toda a de sequeiro. Além disso, serão cerca de 500 hectares destinados para algodão de primeira safra.

Na safrinha, a ideia é que em torno de 1,2 mil hectares da área seja cultivado com milho e a área irrigada com algodão. Nem toda a área tem aptidão para a segunda safra, explica Zerbinati.

Apesar de adquirir a empresa, a diretora destacou que o relevante da operação é, de fato, o arrendamento. “Comprar a empresa foi o jeito que encontramos de assumir a terra sem negociar com a contraparte e entrar em outras esferas”.

Além da terra, a BrasilAgro agora é dona de todos os ativos da companhia, que incluem maquinários agrícolas, que serão vendidos via Agrimaq, e mais cinco pivôs de irrigação.

Dentro dos R$ 36,4 milhões acordados está um prejuízo de pouco mais de R$ 10 milhões, que a empresa vai assumir. O preço definido de 13 sacas por hectare diz respeito, segundo Zerbinati, somente à terra arrendada.

O valor, segundo a head de RI, é extremamente interessante. Ela pontua que, em outras negociações para terras na região, as conversas começam em patamares acima de 18 sacas por hectare.

A BrasilAgro já pagou um sinal de R$ 2 milhões e vai depositar o restante do dinheiro assim que o Cade aprovar a operação.

Na agenda de aquisições da BrasilAgro, a diretora afirma que os negócios de arrendamento tendem a ficar em segundo plano nos próximos meses, com a empresa olhando mais de perto oportunidades para aquisição.

Além da compra da Novo Horizonte, ela relembra que a empresa arrendou uma propriedade em Brotas (SP) para o cultivo de cana em março. Apesar disso, garante que a empresa sempre está de olho em oportunidades. “Somos quase uma butique de M&As, de 100 negócios um dá certo. Nós olhamos muita coisa”, afirma.