A BrasilAgro encerrou a safra 2022/23 com um lucro líquido acumulado de R$ 268 milhões, montante 48% menor que o visto na safra anterior, quando lucrou R$ 520 milhões.

No último trimestre do período, contudo, o lucro foi de R$ 242 milhões, um montante quase oito vezes maior que o visto nos últimos três meses da safra anterior.

O resultado no trimestre está relacionado a áreas de duas fazendas, vendidas por R$ 415 milhões. De abril a junho do ano passado, não houve negócios do gênero – e, portanto, não houve receita líquida imobiliária.

A receita da temporada terminada em junho ficou em R$ 1,3 bilhão, 9% menor que no ano anterior, refletindo sobretudo uma queda no preço dos grãos. Isolado o último trimestre, a receita ficou em R$ 257 milhões, 27% menor que no mesmo período da safra passada.

A quantidade vendida também caiu. Na última safra, as vendas ficaram em 1,9 milhão de toneladas, 17% abaixo que as 2,3 milhões vistas no período anterior.

Leonardo Alencar, head de agro, alimentos e bebidas da XP, considerou o último trimestre da safra 2022/23 da BrasilAgro como fraco, mas dentro do esperado.

Em relatório, ele pontuou que, mesmo com as incertezas sobre o futuro do preço dos grãos, com o cenário ainda impactado pela guerra na Ucrânia e pelo clima instável nos EUA, as margens continuam apertadas para a empresa.

“Mantemos nossa visão baixista para os preços das commodities por conta da safra recorde brasileira, além da forte recuperação da safra argentina, o que deve desencadear em mudanças no cenário e continuar pressionando preços de milho e soja”, pontuou Leonardo Alencar.

Ainda no relatório, Alencar citou a entrevista que o CEO da BrasilAgro, André Guillaumon, deu ao AgFeed recentemente, em que o executivo pontuou que a empresa deve ser mais compradora nos próximos meses.

Na avaliação do analista, essa estratégia pode diminuir o pagamento de dividendos, o que geralmente impacta positivamente a ação. A XP possui recomendação neutra para o papel da BrasilAgro negociado na Bolsa.

Com os resultados da safra 2022/23 em mãos, a empresa anunciou que seu conselho aprovou a distribuição de R$ 320 milhões em dividendos. A decisão ainda precisa ser aprovada em uma assembleia com acionistas no dia 24 de outubro, e caso seja aprovada, o pagamento deve ocorrer em novembro.

Apesar dos resultados menores no ano, a BrasilAgro também divulgou um documento com projeções para a safra 2023/24, que se iniciou no último mês de julho.

Em área plantada, a empresa espera um avanço de 10% frente a última safra e projeta que as culturas contidas em suas fazendas atinjam 185 mil hectares. Na safra 2022/23, a expectativa era de uma área de 170 mil hectares, e o resultado final apontou 168 mil hectares.

Do total projetado para a nova temporada, mais de 70 mil hectares ficarão com soja, 22 mil hectares com cana soca e 17 mil com milho na safrinha.

Em toneladas, a BrasilAgro projeta 446 mil toneladas de produção total, com 248 mil toneladas de soja. Na safra anterior, a produção bateu 354 mil toneladas, e a soja somou 204 mil toneladas desse total.