Uma multinacional que é um verdadeiro “polvo”, com atuações em vários negócios diferentes. Isso, teoricamente, dilui os riscos para os resultados dessa empresa. Mas a alemã Basf não conseguiu ficar imune ao momento negativo pelo qual passa toda a economia global neste início de 2024, não somente no agronegócio.
No geral, a Basf teve uma queda superior a 12% no lucro líquido do primeiro trimestre, na comparação com o mesmo período de 2023, para 1,3 bilhão de euros. A empresa não divulga os lucros específicos de cada unidade de negócio, mas ao analisar vendas e Ebitda, a área de Soluções Agrícolas teve um desempenho um pouco melhor que a média geral da companhia entre janeiro e março.
O grande problema verificado no segmento de agronegócio da Basf foi a queda no volume de produtos vendidos, que ficou acima de 9% no primeiro trimestre. Isso fez com que o valor de vendas caísse 10,6%, para pouco menos de 3,5 bilhões de euros.
Em relação aos preços, o segmento de Soluções Agrícolas foi o único que conseguiu ter variação positiva em relação ao começo de 2023, com alta de quase 2%.
Mesmo assim, o Ebitda agrícola da Basf teve um dos piores desempenhos comparativos entre todos os segmentos, com queda de quase 5%, para 1,3 bilhão de euros. A variação só não foi pior do que as áreas de tecnologia e aquela classificada como “Outras”, com recuos de 11% e 67%, respectivamente.
No comentário que acompanha o balanço, a Basf afirma que a queda de vendas de soluções agrícolas no primeiro trimestre já era esperada, por conta do forte desempenho registrado no começo de 2023.
“Também houve impactos da postura persistentemente cautelosa dos distribuidores na hora de comprar os produtos, e os níveis altos de estoque”, explica a companhia.
Sobre a queda no Ebitda, a Basf atribui à redução nos volumes. Mas a multinacional ressalta que a margem Ebitda melhorou na comparação anual, subindo de 36,8% para 39,1%, por conta do mix de produtos mais favorável.
Em termos geográficos, o bloco formado por América do Sul, África e Oriente Médio teve queda de 6% nas vendas totais da companhia, quase metade do desempenho global da Basf no primeiro trimestre.
No entanto, quando se trata da unidade agrícola, a companhia afirma que as vendas “caíram consideravelmente”.
“Os principais fatores para essa queda nas vendas foram os volumes de fungicidas, tratamento de sementes e herbicidas, câmbio desfavorável, especialmente na Argentina, e preços menores”, diz a Basf.
No mês de fevereiro, o diretor de marketing da Divisão de Soluções para a Agricultura da Basf Hugo Borsari disse, em entrevista ao AgFeed, que as vendas dos insumos estavam bastante atrasadas em relação ao ano anterior, sinalizando um trimestre ainda parecido com as dificuldades enfrentas em 2023.
Apesar disso, Borsari disse na época que a companhia segue prevendo crescer "dois dígitos" em 2024.
No balanço, a Basf projeta um Ebitda entre 8 bilhões de euros e 8,6 bilhões de euros para todo o ano de 2024. Se atingir o topo da meta, o número representará um crescimento de 20% frente a 2023, quando o indicador somou 7,2 bilhões de euros