Mesmo registrando crescimento no volume de vendas, câmbio e preços mais baixos pesaram e afetaram negativamente o desempenho da divisão agrícola da gigante alemã de químicos Basf no terceiro trimestre de 2024. A companhia apresentou os resultados do período nesta quarta-feira, dia 30 de outubro.
Considerando todas as áreas da companhia, as vendas da Basf seguiram estáveis entre julho e setembro, atingindo 15,739 bilhões de euros, resultado muito semelhante ao visto no mesmo período do ano passado, quando a companhia alemã havia atingido 15,735 bilhões de euros em vendas.
No segmento de soluções para agricultura, as vendas de 1,85 bilhão de euros apontaram um crescimento de 6% ante 1,74 bilhão de euros vistos entre julho e setembro do ano passado.
Contudo, o resultado de Ebtida (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) antes de itens especiais da divisão caiu consideravelmente, passando de 225 milhões de euros no terceiro trimestre do ano passado para 49 milhões de euros no mesmo período deste ano, representando um recuo de 78,4%.
Para o CEO da BASF, Markus Kamieth, que assumiu o cargo há apenas seis meses, em abril, a área agrícola está perfomando aquém do esperado neste ano.
“Em comparação com nossas expectativas no início do ano, o desenvolvimento dos negócios na indústria automobilística e no setor agrícola foi mais fraco. Isso continuará impactando negativamente nossos resultados nos segmentos de Tecnologias de Superfícies e Soluções Agrícolas”, afirmou ele em conferência.
O Ebtida de toda a companhia cresceu apenas 6%, passando de 1,5 bilhão há um ano para 1,622 bilhão de euros no terceiro trimestre deste ano.
A Basf atribui a queda a preços mais baixos, efeitos cambiais negativos e um efeito positivo pontual de um pagamento de seguro no terceiro trimestre de 2023.
A companhia lembra que, no terceiro trimestre deste ano, houve também encargos especiais de 239 milhões de euros.
O montante está relacionado principalmente a provisões derivadas do fechamento das plantas de produção e formulação de glufosinato de amônio, utilizado na formulação de herbicidas, nas cidades alemãs de Knapsack e Frankfurt, anunciado em julho.
Com a queda do Ebtida, o fluxo de caixa da divisão agrícola também recuou, passando de 853 milhões de euros no terceiro trimestre de 2023 a 612 milhões de euros agora, recuo que representa uma queda de 28,2%.
Para o restante de 2024, a Basf manteve sua previsão de Ebtida entre 8 bilhões de euros e 8,6 bilhões de euros.
No lado das vendas, a dinâmica cambial e os preços interferiram nos resultados. Em nível global, os volumes cresceram 24,9%, mas os preços caíram 6,2% no período.
"O crescimento do volume mais do que compensou os efeitos cambiais negativos e os preços mais baixos", afirma a Basf.
O câmbio afetou os negócios da divisão em todo mundo – ainda que de formas diferentes.
Na Europa, as vendas cresceram a partir da combinação de volumes de vendas e preços mais altos, especialmente no negócio de fungicidas, compensando uma comercialização menor de herbicidas e efeitos cambiais "ligeiramente negativos" associados à lira, moeda da Turquia.
Situação semelhante foi observada na América do Norte e na Ásia. No continente americano, as vendas aumentaram "consideravelmente", segundo a Basf, devido a volumes mais altos, ainda que o desempenho tenha sido impactado negativamente pelos efeitos do câmbio, especialmente pelas oscilações do Peso mexicano.
O câmbio e os preços baixos, da mesma forma, tiveram reflexo negativo nas vendas na América do Sul, África e Oriente Médio, segundo a Basf, que recuaram em função da depreciação do Peso argentino e do Real.
Esse é um problema que, na visão de Markus Kamieth, seguirá pesando nos resultados da divisão na América do Sul nos próximos balanços. “(As pressões cambiais) afetarão o quarto trimestre e, especialmente, comprometerão nossas margens no Brasil e na Argentina”, projetou ele.
Os resultados talvez acelerem os planos da companhia de fazer um IPO da divisão agrícola.
Em setembro, a companhia havia anunciado que pretendia apartar o segmento nos próximos anos, sem definir uma data específica, como forma de aumentar a resiliência do negócio.
Em paralelo, a companhia continua focada em seu plano de reduzir custos, anunciado no ano passado.
A Basf diz que, até o fim de setembro, já havia conseguido reduzir 800 milhões de euros em custos e deve superar essa marca, que era seu objetivo para 2024, até o fim do ano.
"Estamos no caminho certo para atingir a meta de 2,1 bilhões de economia de custos até o fim de 2026. A implementação dos programas de redução de custos anunciados em fevereiro de 2023 está a todo vapor", disse Dirk Elvermann, diretor financeiro da companhia.