No coração do oeste baiano, onde o solo de Luis Eduardo Magalhães se tornou um dos símbolos do agro brasileiro e uma das capitais do Matopiba, uma história comum ao agro brasileiro tem rendido frutos.

O roteiro é semelhante ao de vários envolvendo o setor: uma família gaúcha desbrava o interior do País e resolve empreender no agro. Com mais de 40 anos de experiência atuando com revendas e empresas de insumos agrícolas, a Gran7, empresa tocada pelos Luza focada em produtos de fertilidade, nutrição e fisiologia vegetal, tem buscado atuar no gap que as multinacionais não conseguem.

O negócio tem dado certo, e a projeção do CEO da empresa, Tomas Luza, é de fechar a safra 2024/2025 com um faturamento de R$ 300 milhões. Segundo Luza, a empresa já bateu o faturamento do ano-safra passado completo nos primeiros cinco meses da atual temporada.

O crescimento de faturamento acompanha, segundo o CEO, uma alta nos volumes de produtos vendidos. Ele estima que os preços recuaram 30% nesta safra.

Para essa temporada, a Gran7 reforçou o portfólio e lançou cinco novos produtos, alguns sendo exclusivos da marca e outros de terceiros com exclusividade de venda na região do Matopiba.

No modelo de negócio, mesmo não fabricando, algumas formulações são embaladas e vendidas com a marca da companhia.

O foco desses produtos está na fisiologia e no controle de nematoides. A companhia atua com 98% das vendas feitas diretamente ao produtor rural.

O executivo estima que hoje a companhia possui cerca de 280 produtores ativos na carteira de clientes, divididos em 17 estados.

Por enquanto, a companhia baiana não atua com biológicos. “Entendemos que é um mercado que vai acontecer, mas hoje acreditamos que entraremos numa vala comum, sem muita diferenciação”.

Esse crescimento está ancorado em um movimento estratégico da Gran7: conquistar novas fronteiras para além da Bahia, estado de origem e principal mercado da companhia.

Focada principalmente em atender produtores de grãos e fibras, a companhia tem expandido sua atuação para o Mato Grosso.

“Na última safra, Mato Grosso foi o quinto estado com maior faturamento da empresa. Depois da Bahia vinham Piauí, Maranhão e Tocantins. Nessa safra, o MT já assumiu o segundo lugar. É um país agrícola, e imagino que daqui alguns anos se torne o primeiro lugar”, afirmou o CEO, em entrevista ao AgFeed.

Tomas Luza faz parte da segunda geração da família a comandar a empresa. Seu pai, Lauro, juntou a família de mala e cuia e foi para a Bahia em 1988. No Sul, atuava em uma revenda – e decidiu ser dono da própria loja na Bahia.

Em 2008, o patriarca resolveu trocar um pouco o viés do negócio e firmou sociedade com uma indústria gaúcha de insumos.

Depois de alguns anos e problemas com sócios, a família Luza, decidida a continuar com foco na Bahia, adotou um modelo de negócio focado na prestação de serviços.

“Os anos com a fábrica nos deram um know-how de saber onde comprar matérias-primas e os melhores preços. Firmamos um bom relacionamento com as indústrias”.

Nos primeiros anos de vida, a empresa atuou com linhas “comoditizadas”, com produtos mais simples, como aminoácidos. Em 2015, a empresa optou por não construir indústria e atuar num modelo B2B, já com Tomas mais à frente dos negócios.

O grande dilema era: a Gran7 não queria ter indústria própria e ser competitiva no mercado. E como ser competitivo se a empresa que vendia os produtos mais simples competia nas vendas junto ao produtor? Buscando compostos mais exclusivos e diferenciados.

Do mesmo jeito que multinacionais compram glifosato de outras companhias e rotulam com suas marcas, Luza percebeu que dava para seguir o mesmo padrão também na fisiologia e nutrição vegetal.

“Começamos a ir atrás de compostos específicos aqui e fora do País. Acertamos com bastante felicidade”.

Para evitar chegar no produtor e resumir a estratégia comercial a discussão de preços, a empresa foi buscar diferenciais também no atendimento, que segundo o CEO, é próximo ao produtor, e uma aposta num conhecimento forte da lavoura, com a equipe técnica na fazenda nos momentos de aplicação em alguns casos. Dos 80 funcionários da Gran7, Luza afirma que 35 são técnicos ou comerciais.

Por mais que o agro seja pujante no Matopiba, a ideia de descer no mapa visa justamente conquistar mais produtores e áreas maiores de cultivo.

A expansão geográfica começou em 2018 e a safra 2024/2025 é a quarta com atuação da companhia no Mato Grosso. Dos 35 técnicos comerciais, nove estão no estado, que a Gran7 dividiu em subregiões: Primavera do Leste, Lucas do Rio Verde, Sinop e no Vale do Araguaia.