Nos últimos anos, diversos produtos com o "selo ESG" (sigla em inglês para padrões ambientais, sociais e de governança) foram lançados no mercado financeiro.
São instrumentos para as empresas que adotam boas práticas em relação a estes temas e que atraem investidores interessados no potencial de valorização dos ativos.
Olhando para esta oportunidade, dois empresários resolveram montar uma plataforma de financiamento coletivo, ou crowdfunding, voltada somente para a economia verde, a startup Arborus.
A arrecadação de recursos por plataformas de crowdfunding cresceu 61% em 2022, passando de R$ 130 milhões para R 210 milhões, segundo a Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Gabriel Dias, um dos sócios-fundadores, conta que a Arborus foi criada em 2017, mas somente em 2021 conseguiu a certificação concedida pela CVM para começar a operar.
A primeira rodada de captação, classificada por Dias como uma espécie de “prova prática” da plataforma, foi realizada em 2022, com a Radix, startup que atrai investidores para ter um pedaço de florestas plantadas em áreas que estavam degradadas.
“Nosso objetivo é ajudar empresas que têm impacto positivo no meio ambiente, que estão em fase inicial e não têm acesso a bancos”, conta Dias.
Para 2024, Dias tem metas mais ambiciosas. “Queremos fechar com pelo menos quatro empresas, e levantar, no mínimo, R$ 4 milhões para as startups”.
Outro objetivo para o próximo ano é conseguir um investidor para a Arborus. “Agora estamos começando, temos muito a evoluir. Mas acredito que em 2024 já teremos condições de receber um aporte”, afirma Dias.
O começo da Arborus ainda tem desafios, como melhorar a experiência do investidor na plataforma, uma meta estabelecida por Dias após a segunda rodada de captação pela Radix.
A startup tem o objetivo de levantar R$ 1,08 milhão nesta rodada, e já bateu o patamar necessário para que a operação fosse considerada bem-sucedida, que era de R$ 720 mil. Até quarta-feira, 6 de setembro, a startup conseguiu levantar quase R$ 744 mil com 109 investidores.
O valor desta segunda leva de investimentos na Radix já bateu o montante da primeira, faltando 14 dias para o encerramento. Na primeira rodada, a startup conseguiu pouco menos de R$ 700 mil.
Neste momento, a Arborus está em negociações com duas empresas que têm interesse em iniciar uma captação pela plataforma.
“Uma atua também na cultura de florestas diversificadas, e está em processo de diligência mais adiantado. A outra startup atua em construção com menos impacto ambiental, mas para essa, as conversas estão em fase inicial”, diz o sócio da plataforma.
Dias e seu sócio, João Emmanuel, fizeram um investimento inicial de R$ 250 mil para montar a plataforma. “Até o final do ano, vamos investir mais R$ 150 mil, principalmente em desenvolvimento tecnológico”.
A receita da Arborus vem de duas fontes. Uma taxa fixa cobrada na listagem da captação na plataforma, e outra cobrada de acordo com o sucesso da operação.
O executivo conta que a Arborus começou a trabalhar em um momento desafiador, com juros altos. Um cenário que leva o investidor a correr para ativos com menos riscos.
“Mas nós conseguimos atrair aquele investidor que procura mesmo uma causa, o chamado smart money. E nós temos um cuidado muito grande na análise das empresas, para trazer casos que têm boa governança e bom potencial”, conta Dias.
Recentemente, as ofertas via crowdfunding ganharam um estímulo adicional da CVM, que aumentou o valor máximo de captação de R$ 5 milhões para R$ 15 milhões.
Outra aposta da Arborus é na negociação de cotas entre investidores, conhecido como mercado secundário, que também está em fase de regulamentação pela autoridade do mercado de capitais.
"A CVM está modernizando, entende que esse tipo financiamento é importante para manutenção da economia, para que as startups possam crescer e avançar no mercado", avalia Dias.