O Brasil é reconhecido mundialmente como referência em energia renovável, com mais de 80% da sua matriz composta por hidrelétricas, parques eólicos e solares, além de biomassa.
No que diz respeito aos ventos, o Nordeste é apontado como a região com maior potencial. E a gigante global de alimentos Archer Daniels Midland, a ADM, apostou na Bahia para aproveitar a oportunidade e ter sua própria geração eólica.
O acordo entre ADM e Casa dos Ventos foi anunciado em 2021, mas somente em julho deste ano o Complexo Babilônia Sul entrou em operação. A ADM agora está formalizando a parceria.
"Compramos uma participação no parque São Januário 16, juntamente com a Casa dos Ventos, que foi responsável pela construção do Complexo. Além disso, firmamos um contrato de longo prazo de fornecimento de energia elétrica, que será gerada naquela localidade", afirmou ao AgFeed, Jayson Lee, diretor comercial da ADM na América do Sul.
O executivo informou que a energia gerada no complexo eólico será direcionada para sete plantas da ADM instaladas no Brasil.
Entre os locais beneficiados estão: Campo Grande (MS), Rondonópolis (MT), Santos (SP), Joaçaba (SC), Porto Franco (MA), além de Três Corações e Uberlândia, ambas em Minas Gerais, que receberão a energia gerada.
Segundo Lee, a compra da participação no campo vai trazer uma economia no custo de energia da ADM no Brasil, além de estabilidade no fornecimento a longo prazo.
“Tão importante quanto a economia, é a contribuição para a redução em torno de 9% de emissão de gases de efeito estufa no processo produtivo de toda a América do Sul”, afirma o diretor da ADM.
Segundo a companhia, a energia eólica gerada pelo Complexo Babilônia Sul vai permitir uma redução anual de 19 mil toneladas métricas em emissão de CO2. Com isso, a ADM promete zerar as emissões de gases do efeito estufa (GEE) de suas fábricas no Brasil.
A multinacional não revela quanto investiu na parceria. Um comunicado divulgado pela Casa dos Ventos em julho deste ano, sobre o início das operações do Complexo Babilônia Sul, informa que o projeto recebeu investimento aproximado de R$ 1,8 bilhão e que, além da ADM, também vai fornecer energia para Unigel e Valgroup.
A ADM estuda ainda ampliar o uso de fontes próprias de energia renovável. “Estamos fazendo estudo de uso de biogás gerado nas estações de tratamento de efluente no Brasil e geração de energia térmica nas operações do México”, afirma Lee.
Ele lembra que, no ano passado, a ADM iniciou a implementação da primeira planta solar fotovoltaica da companhia na América Latina, em Araguari, Minas Gerais.
A ADM tem um programa chamado de Strive 35, composto por metas ambientais que devem ser cumpridas até o final de 2035.
Entre as metas, estão a redução de 25% das emissões de gases do efeito estufa no processo produtivo, diminuir a intensidade energética em 15%, o uso de água em 10% e uma taxa de desvio de aterros de 90%.