A Bluebell Index, fintech que atua na conexão de produtores rurais ao mercado de ativos ambientais, anunciou nesta quinta-feira, 9 de maio, a emissão de 1,6 milhão desses tokens para gerar renda a produtores rurais.

Com cada token custando US$ 25, o potencial é de US$ 40 milhões de dólares nessa emissão, algo em torno de R$ 200 milhões. Um toquem da Bluebell representa o equivalente a uma tonelada de gás carbônico, mais dados de água, solo e biodiversidade.

De acordo com o CEO e fundador da startup, Phelipe Spielmann, os créditos desta nova emissão foram gerados em 10 propriedades espalhadas pelo País, somando 60 mil hectares. Segundo Spielmann, essas áreas estão tanto na Amazônia quanto no Cerrado.

Além de áreas preservadas, que estão principalmente no Norte do Brasil, existem algumas propriedades que também atuam com produção por meio de agroflorestas e sistemas de agricultura regenerativa.

“Não atuamos só na preservação e na conservação, e também na produção, de forma regenerativa. Quando o produtor tem essas práticas, ele produz melhor e ainda ganha receita com os ativos tokenizados”, afirmou.

O CEO contou que, ao todo, são 60 propriedades parceiras da Bluebell, que juntas, somam 700 mil hectares. Além do Cerrado e da Amazônia, o portfólio também conta com propriedades no Pantanal e em áreas de Mata Atlântica.

Na prática, a Bluebell transforma carbono sequestrado, florestas, água, solo e biodiversidade de uma propriedade em valores convertidos para um token próprio, o bluebell, e depois os comercializa para players da indústria. Ao mesmo tempo, gera renda para pecuaristas e agricultores.

A startup analisa a propriedade e gera uma quantidade de bluebells equivalente aos valores dos seus ativos ambientais. Cada token possui uma rastreabilidade certificada por tecnologia blockchain. Assim, os compradores do token ambiental têm garantia da procedência dos ativos e dos produtos da propriedade que a emitiu.

A empresa faz uma análise completa da propriedade, desde o inventário florestal até a quantidade de carbono na área de matrícula do proprietário rural.

Na ponta da indústria, compradora desses tokens, Spielmann comentou que a empresa está em negociação para fechar contratos com empresas do Oriente Médio e do Norte da África, principalmente dos setores de óleo e gás, tecnologia e construção civil.

“São setores altamente poluidores e que têm uma necessidade de investir na natureza”. afirmou.

A Bluebell possui um acordo com o governo de Dubai, que já comprou tokens emitidos anteriormente, por meio do private office da família real local.

Dentre potenciais novos compradores dos tokens, ele cita o NBD, o banco do governo de Dubai, e a petrolífera Adnoc (Empresa Nacional de Petróleo de Abu Dhabi).

Phelipe Spielmann, CEO da Bluebell Index

Segundo ele, o contato com o private office real ajuda no processo de conhecer empresas locais. “Estamos num processo de venda dos tokens. Temos visto empresas saindo do carbon offset (compensações de carbono) e migrando para investimentos mais tangíveis em sustentabilidade”.

Atualmente, a empresa também já possui uma parceria para distribuição de tokens com a trading Ecom, uma das maiores na comercialização das chamadas commodities leves, como café, cacau e algodão.

Até o final de 2024, a empresa pretende vender 3 milhões de tokens. Considerando o preço unitário, o faturamento da Bluebell Index pode bater os US$ 75 milhões em 2024.

Ele conta que, em 2023, a empresa lançou e vendeu cerca de 40 mil tokens, ainda com o negócio na fase do Produto Mínimo Viável (MVP, na sigla em inglês).

Nessa etapa, a startup coloca à prova seu produto, e vê como ele se encaixa no mercado e estrutura o modelo de negócio, buscando fornecer respostas para as hipóteses levantadas na fase de ideação. “Tivemos um faturamento marginal, e agora começamos a dar escala”.

No ano passado, a fintech recebeu um investimento de US$ 2 milhões da Minerva. Segundo explicou Spielmann, o aporte serviu para dar mais tração ao negócio.

Na opinião do executivo, a Minerva viu na startup uma possibilidade de gerar recursos aos produtores de sua cadeia de fornecimento e movimentar o mercado de créditos de carbono.

Os tokens da Bluebell são inscritos no blockchain Polygon, uma camada do Ethereum considerada um dos principais protocolos para programação de contratos inteligentes do mercado. Os certificados de créditos de carbono da Bluebell são auditados pela Bureau Veritas e pela KMPG.